quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

INVEJA





O que a inveja está tentando te contar

Prem Baba
A inveja é um poder que precisa ser compreendido. Ela é um mecanismo de defesa criado para amortecer a dor que a pessoa sente por se acreditar inferior. Em algum momento ela desenvolveu a crença de que é incapaz e impotente para realizar determinadas coisas. Esse choque de impotência pode ter sido instalado muito cedo na vida humana, quando a pessoa ainda era um bebê que estava tentando mamar e não conseguia, seja porque a mãe não tinha leite ou porque esse leite estava tão contaminado pelo ódio, pelo medo e pelas várias manifestações do desamor.
Talvez a melhor maneira para interpretar esse fenômeno é classificando-o como um sentimento de inadequação, não pertencimento. A criança sentiu-se excluída, sem poder fazer parte.
É o amor que acolhe, que inclui e faz com que a criança sinta-se pertencendo, mas a corrente de ódio que se manifesta através deste contato com o seio contaminado, muitas vezes, gera a ferida da exclusão. Para a criança, a mãe é o mundo e o que ela mais quer é dominar o mundo, porém, nessa situação, ela passa a se sentir impotente diante do mundo, dando início a uma série de eventos no seu universo interior para que consiga sobreviver ao desamor.
“Na prática, a pessoa tomada pela inveja invalida o poder do outro, sua capacidade, não reconhecendo as conquistas e méritos da pessoa em questão.”
Mas quando essa marca de inadequação é realmente imprimida no sistema, fica difícil dissolvê-la, até porque, para seguir sobrevivendo e desenvolvendo-se, a pessoa acaba desenvolvendo esse mecanismo de defesa, que é a inveja, para proteger a ferida que dói tanto.
E conforme a criança desenvolve-se e amplia o seu repertório (vai adquirindo informações do mundo), esse mecanismo de defesa torna-se cada vez mais especializado.
A base deste mecanismo de defesa é fazer com que aquilo que ela acredita ser superior a si desça para o seu nível, já que no fundo, acha-se inferior e impotente para atingir o nível da pessoa. Então, quando vê alguém chegando ao estado que almeja, ela conta uma história para si mesma tentando fazer com que aquela pessoa “caia” para o nível onde ela se encontra, seja dizendo que o outro não é tão bom assim ou se convencendo de que existe alguma coisa errada, uma injustiça, nesta situação. Na prática, a pessoa tomada pela inveja invalida o poder do outro, sua capacidade, não reconhecendo as conquistas e méritos da pessoa em questão.
A inveja solta raios – raios de maledicência. Dissemina uma série de venenos nos círculos por onde passa para que, de alguma forma, afete a pessoa invejada. O invejoso vai ao círculo onde a pessoa invejada está em alta, onde ela é respeitada, e começa a falar como quem não quer nada: “Aquela pessoa realmente é legal, é fabulosa. Ela tem aquele defeitozinho assim, mas não é nada, não é? O que importa é que ela é legal.” Pronto. Soltou o veneno! Criou uma dúvida a respeito da credibilidade daquela pessoa de uma forma bem sutil. E se perceber que o tal veneno não surtiu efeito, será mais incisiva. Começará a contar algo como: “Ela está onde está porque roubou, porque enganou alguém…” E assim vai, sem muitos limites.
A inveja é realmente um raio de energia destrutiva e para desarmar esse mecanismo é preciso, em primeiro lugar, tomar consciência dele. Você precisará entrar em contato com o seu sentimento de impotência, de inadequação, de não pertencimento, de fracasso. Só assim conseguirá sair desta distração que é ficar brigando com o outro ao invés de usar sua energia vital para ser feliz.
“À medida que você descobre partes suas que estavam relegadas ao plano da sombra, que vai tomando mais consciência de partes suas que você não via…”
Os mecanismos de defesa, embora necessários para proteger o ego que está se desenvolvendo, são como um veneno que o animal segrega para se desenvolver. Mas chega um momento na jornada evolutiva em que esse veneno se volta contra a própria entidade, geralmente fazendo com que ela se distraia do seu processo evolutivo.
Geralmente o invejoso se ocupa com a vida do outro ao invés de olhar para o seu sentimento de inadequação, seu sentimento de impotência. Parece mais fácil  ficar para fora atuando na disputa e na inveja do que cuidar do que realmente dói dentro de si.
Essa referência que eu acabei de fazer é para a inveja de forma geral, mas ela se manifesta de formas diferentes para cada um, de acordo com o seu enredo, com a sua própria história. De qualquer forma, quando a inveja aparecer, estará sinalizando o caminho que você deve percorrer.
Eu tenho dito que a primeira fase da jornada evolutiva é destinada ao desenvolvimento pessoal. À medida que você descobre partes suas que estavam relegadas ao plano da sombra, que vai tomando mais consciência de partes suas que você não via, como a sua inveja e o que está por trás dela, vai liberando sentimentos que estavam trancados em negação.
Por isso, se você quer se aprofundar neste trabalho de cura e transformação, eu sugiro que você se recolha na medida do possível, evitando distrações, para poder sentir o que realmente precisa sentir. Trate de ser íntegro com os sentimentos, esse é o caminho. Daqui eu torço para que você tenha disposição para integrar tudo aquilo que precisa ser integrado em seu sistema.





Trecho do Satsang de Prem Baba
India - 21/02/2013


Você está me dizendo que o conteúdo é inveja. Talvez a inveja esteja abrindo as portas para os pensamentos suicidas. A inveja realmente tem esse poder. Ela está relacionada ao outro; é um desejo de destruir o objeto desejado, porque você se sente incapaz de conquistá-lo; e impotente para chegar àquele lugar. Então você invalida aquilo que o outro conquistou para ele poder descer para o lugar no qual você acredita se encontrar. Isso porque você se sente impotente para subir onde você acredita que ele está. Tudo isso é somente uma fantasia. Mas, quando a inveja se volta contra você mesmo, e toca na base desse sentimento de impotência, e quando você se conscientiza desse sentimento de insuficiência, abrem-se as portas para os pensamentos suicidas.



Então, voce deve olhar para esse sentimento de insuficiência. Essa é a base. Insuficiência que também se traduz em incapacidade, impotência... Que na grande maioria dos casos está relacionada com um trauma com a mãe. uma falta do seio bom.  É uma falta do leite amoroso, falta de aconchego.
O que estou dizendo é fruto da observação, mas não aceite isso como uma verdade sem experimentá-la. Receba minhas palavras como um guia para que você experiencie a si mesmo. Eu estou te dando elementos para os eu trabalho interno.



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Trabalho de Pesquisa
realizado por Sonia Vipassana


INVEJA

O Dicionário Houais define inveja como: “Sentimento em que se misturam o ódio e o desgosto, e que é provocado pela felicidade, prosperidade de outrem. Desejo irrefreável de possuir ou gozar, em caráter exclusivo, o que é possuído ou gozado por outrem. “

A inveja é um sentimento exclusivamente humano e assim, todos nós de alguma forma, já sentimos inveja em algum momento de nossas vidas. Como outras emoções humanas, a inveja depende do desenvolvimento de várias habilidades cognitivas. É necessário que o indivíduo tenha absorvido um jogo de padrões, regras e metas que vão se constituir num self (total ou parcial), que vão ser comparados com outros padrões , regras e metas encontrados no ambiente e despertarão reações. A percepção da qualidade desse self (bom ou ruim), é que vai determinar a existência ou não da inveja patológica.


O grande problema do ser humano nos dias atuais, é a constituição precoce de um sentimento de insuficiência. Esse sentimento, deixa o indivíduo com a sensação de que não tem habilidades para modificar nada ao seu redor e portanto, não pode mudar seu ambiente. Sentindo-se assim, o indivíduo terá como padrão a passividade, a dependência, a raiva e a inveja.

Para compreendermos isso, vamos ver as quatro fases especificas e que vão se constituir na inveja propriamente dita:

1- Primeiramente o indivíduo olha um objeto, situação ou um traço de alguém que imediatamente admira. Compreende a importância daquele traço para ele. Ou seja, vê, admira e deseja.


2- No momento seguinte há uma comparação entre o que o outro tem e o que o indivíduo não tem. Ele toma consciência de uma falta sua porque já discrimina. Aqui o processo cognitivo é importante.


3- Ai então o indivíduo tem o terceiro momento da inveja que é a percepção e ao mesmo tempo, a vergonha, de uma falta nele do que foi admirado (e valorizado) no outro. Surge aí, também, e a constatação de que aquilo que desejou, é impossível de ser obtido por ele.


4- Na quarta e última fase: A inveja é disparada pela percepção de uma falta no indivíduo. Essa insuficiência faz com que ataque e conseqüentemente espolie o objeto invejado para fazer desaparecer a diferença que foi percebida.


Podemos observar que a insuficiência é uma condição inerente a todo invejoso. O invejoso se sente insuficiente diante de determinado aspecto do objeto ( do invejado), e é justamente esse traço que é invejado. O invejoso discrimina dentre uma infinidade de traços, aquele que lhe falta. Há grande precisão na discriminação do que vai ser invejado. O que é invejado, não precisa ser necessariamente material. Como a inveja está sempre relacionada às deficiências do invejoso, pode ser despertada por uma habilidade, uma qualidade, um vínculo afetivo ou por um objeto concreto. A descriminação está no centro da inveja pois, o indivíduo tem que interpretar um evento e descriminar aquele aspecto do objeto que é desejável. Vejamos que há uma disposição para a seletividade, a preferência, que poderia ajudar o indivíduo a conhecer suas próprias necessidades e buscar formas coerentes de solucioná-las. Além disso, o mecanismo envolvido na inveja, implica na existência de uma escala de valores construída.


Mas é o sentimento de insuficiência que faz com que o traço visto no outro torne-se uma insuportável fonte de vergonha para o indivíduo. Dessa forma, a vergonha, obscurece a capacidade positiva do indivíduo que é a capacidade de discriminar com precisão e estimula o desejo de espoliar. Então a principal qualidade do invejoso (discriminação) é destruída na medida em que é ignorada.


A espoliação, é um componente fundamental e que, com o sentimento de insuficiência, diferencia a inveja de outras emoções, como por exemplo, a cobiça. Muitos autores insistem em afirmar que a espoliação tem como objetivo, esvaziar o objeto de suas qualidades positivas, muitas vezes chegando ao ponto de desejar a destruição do objeto. A espoliação se dá por uma única razão: o medo de perder o objeto. É só pelo ato de destituir o objeto de suas qualidades maravilhosas, que o indivíduo sente que pode ficar próximo dele. A culpa daí advinda está entre os mecanismos autodestrutivos mais importantes.


O sentimento de insuficiência faz com que os invejosos estejam sempre em dúvida. Como esses indivíduos estão impossibilitados de se avaliarem positivamente, eles jamais consideram suas opiniões e, geralmente, precisam da referência daqueles que admiram para se sentirem “seguros”. Portanto, para esses indivíduos, as escolhas são desesperadamente difíceis uma vez que não é fácil dimensionar o que as demais pessoas poderiam querer ou necessitar, nem mesmo o que é certo ou errado para os outros.

Geralmente. Quando esses indivíduos resolvem tomar uma atitude, a escolha que fazem, resultará sempre numa escolha ruim. Isso ocorre porque o outro, na medida em que está idealizado, inevitavelmente fará uma escolha melhor.

O SENTIMENTO DE INSUFICIÊNCIA.


O sentimento de insuficiência surge muito cedo na vida. Quando a criança relaciona-se com a mãe e esta, consegue atender suas necessidades com alguma constância e boa vontade, permitirá que o bebê construa a ilusão de onipotência. Isso pode ser mais bem compreendido através da obra de D. D. Winnicott. Mais tarde, na medida em que vai sendo frustrada pelo ambiente (que é a mãe), a criança ajusta-se ao mundo e descobre que não é onipotente. Como dizia Winnicott, o verdadeiro self, nasce a partir do falso, ou seja, de uma ilusão. Dessa forma, o sentimento de onipotência é alterado pela realidade e transforma-se num sentimento de potência. Isso quer dizer, o indivíduo sente que têm alguma força interna ( sensação nascida do sentimento inicial de onipotência), e que o ajuda a crer que pode transformar seu ambiente e solucionar suas dificuldades.


As impressões registradas no psiquismo durante os primeiros meses de vida, são de grande importância e relevância para o desenvolvimento posterior. Quando a criança não consegue sentir que é capaz de modificar seu ambiente (a mãe), fica com um sentimento "eterno" de impotência. Essa emoção pode também ser definida como inadequação ou insuficiência. Quando este sentimento está presente, a inveja é inevitável pois existe uma tendência “natural” a supervalorizar os outros (que podem, segundo a fantasia do invejoso, fazer tudo) e esvaziar a si mesmo (que é inferior porque não pode fazer nada). Assim, nasce o desejo de esvaziar o outro para que tudo fique igual e ele não fique só.

Uma pessoa que se sente impotente diante da vida, sente um problema, por menor que seja, como impossível de ser solucionado. 

Não importa quão simples ou pequenas sejam estas situações. O sentimento de impotência do indivíduo, parece ocupar cada célula e assim, faz com que ele crie uma auto-imagem ruim e inoperante e dessa maneira, fique inoperante diante de coisas muito simples.


A AVALIAÇÃO GLOBAL E ESPECIFICA


Uma outra característica que se vê nos indivíduos que se sentem impotentes é que a auto-avaliação, já desde muito cedo, é feita de forma global e não especifica,ou seja, diante de um erro, focaliza o self como um todo. Assim, o individuo ao cometer um erro, poderá dizer: “Eu sou uma porcaria” ou “Eu sou ruim”. O julgamento global tem como característica uma diminuição da auto-estima porque é um julgamento sobre o self total e não de um aspecto dele. Na avaliação especifica apenas um comportamento é julgado. É comum que um indivíduo diga “Eu errei aí e preciso me cuidar nesse aspecto”, ou “Eu não sou bom nisso!”.


A avaliação global é muito mais  constante nos invejosos porque sua insuficiência não é especifica, ou seja, ligada a um aspecto do self, mas, resultado de uma percepção de fracasso total do self. Eles percebem-se como insuficientes em qualquer área ainda que tenham tendências a discriminar determinadas qualidades dos objetos num dado momento.


A COMPETIÇÃO


Como a insuficiência é uma fonte constante de dor e de vergonha, o individuo que se sente insuficiente, está sempre competindo com os demais à sua volta. A consciência de sua insuficiência gera uma dolorosa vergonha e o individuo fica atento a qualquer fonte possível de humilhação proveniente do ambiente externo. Aqui, outra vez, ele discrimina com precisão suas deficiências e sente raiva de vê-las habilitadas nos demais. Quando um gesto do objeto valorizado apresenta-se como um elemento que destaca a insuficiência do self, há uma tendência a revidar para anular e retribuir a humilhação sofrida.

Essa é outra maneira de anular as diferenças que é tão característica na inveja. A competição é a regra na vida do invejoso.

Geralmente, esse tipo de indivíduo vai encarar qualquer rejeição como um desastre fulminante e destruidor porque, tal gesto será sempre a marca da insuficiência do seu self. Assim, para evitarem os erros e rejeições, eles evitam as iniciativas e relacionamentos . Para o invejoso, todos deveriam ser iguais, de forma que as diferenças não se pronunciassem e assim, não denunciassem a sua insuficiência. 

Era isso que buscava, por exemplo, o ditador Adolf Hitler com sua obsessão pela pureza da raça Ariana e, muitos dos lideres comunistas, com sua obsessão pelas igualdades sociais. Em geral o indivíduo que é insuficiente, está sempre em busca de uma falha no outro, um elemento desvalorizante que possa reduzir o outro a uma condição semelhante à sua própria.


INVEJA NA VIDA COTIDIANA

Em geral, quando falamos de inveja, temos uma tendência a imaginar que o que é invejado é algo como um bem material. Mas os bens materiais são uma pequena parte do que pode ser invejado. Podemos invejar uma qualidade, uma habilidade, um jeito de ser, um laço afetivo entre duas pessoas, etc. Assim, a inveja na vida cotidiana é muito mais comum do que se imagina. Por exemplo, aquelas pessoas que atacam (falam mal) sistematicamente de seus superiores, amigos, familiares e subordinados, na maioria das vezes, o fazem, para tentar eliminar as diferenças que deixam o outro em condições superiores e portanto sob risco de desprezá-los e abandoná-los.


O invejoso sempre nos conta como e onde dói sua ferida: na diferença. Dessa forma, a inveja é um mecanismo narcisista por característica.


Um exemplo desse tipo de inveja: Pedro havia sido admitido numa empresa com Geraldo. Passados quatro anos, Geraldo fora promovido diversas vezes enquanto Pedro permanecia no mesmo cargo. Geraldo tornara-se chefe de Pedro, que agora, gastava a maior parte do seu tempo, falando mal de Geraldo. Conversando-se com Pedro, observamos que sempre se refere a Geraldo com desdém. Relata acontecimentos e fatos que ilustrem a inutilidade do atual chefe.

Relata desdenhosamente formas que demonstram quão inútil Geraldo é , quão estúpido e quanta capacidade lhe falta na manutenção do cargo. Em outras palavras Pedro nivela as diferenças que sente existir entre ele e seu superior, desvalorizando-o e, assim, eliminas as diferenças que imagina existir entre eles.


Os ídolos populares são grandes conhecedores dos processos invejosos porque, na sua maioria, são alvos constantes deles. A destruição dos ídolos populares é feita pela fofoca e pelo “boato” irresponsável. Aqui também o objetivo é eliminar as diferenças que existem entre o ídolo e seu fã.


A inveja impossibilita o sentimento de gratidão. Isso ocorre porque o invejoso é incapaz de sentir que o outro lhe dá algo de bom grado e sim, o faz, por necessidade de humilhar o invejoso. No caso Gisele que publicaremos numa outra edição, ela conheceu Lúcio, um homem um pouco mais velho. Gisele era camelô e tinha uma pequena banca numa rua de São Paulo. Lúcio apaixona-se por Gisele e resolve dar-lhe um padrão de vida mais adequado. Gisele abandona a rua e Lúcio monta para ela um negócio. Mas Gisele, começa a ver defeito em cada coisa que o rapaz lhe faz, ataca-o com criticas duras alegando que ele é metido a "ser seguro: ou que é um "sabe tudo". Para Gisele, receber é insuportável porque lembra da própria insuficiência.


A atitude invejosa também é comumente vista naqueles sujeitos que estão sempre querendo retribuir um favor ou presente que receberam. Lembro-me de uma amiga que, ao receber presentes em seu aniversário, retribuiu-os pouco tempo depois. Quando lhe perguntei porque fazia aquilo, ela me disse que se sentia melhor dando do que recebendo. Não suportava receber. Isso é comum naquelas pessoas que são convidadas para um jantar e lavam "um prato para colaborar".


O mesmo se dá com os favores. Existe uma infinidade de pessoas que se recusam a pedir ou receber favores porque acham que vão ficar em débito com aquele que vai favorecê-las. Mas na realidade o receio é demonstrar sua insuficiência.

A inveja é um sentimento humano e está relacionado com o sentimento de insuficiência, e, na maioria das vezes é inconsciente.

Assim, os pais podem ter inveja de seus filhos e vice e versa. Uma vez conheci uma família em que a mãe, uma mulher que havia vindo de uma família muito pobre, casara-se com um homem de boa posição social. Essa mulher invejava suas filhas por terem, na família do marido, posição e uma educação melhor que aquela que ela tivera. Ela então se separou do marido e destruiu a imagem dele para suas filhas, deixando-as sem o pai. E o pai, sem as filhas. Muitas mães podem ter inveja suas filhas lindas e jovens e pais, podem ter inveja de seus filhos realizadores.


AUTO INVEJA


“O primeiro sintoma da auto inveja é a autocrítica. É um crítico interno que não deixa a pessoa feliz com nenhuma vitória. Ela consegue uma coisa que é motivo para ela celebrar, mas logo acha um jeito de encontrar falhas e de se derrubar. Como se livrar disso? Em primeiro lugar, identifique o crítico interno. Se você puder fazer isso, já está avançando no trabalho de cura. O próximo passo é dar uma olhada em como está a relação com a sua mãe. Talvez você encontre um núcleo de vingança por não ter recebido o acolhimento que gostaria de ter recebido. Talvez ainda haja contas abertas em relação a ela. Se você olhar nos olhos dela, verá que não consegue realmente reverenciá-la e agradecê-la.”




Sri Prem Baba

A inveja não atinge só o invejado, atinge o próprio invejoso num outro aspecto. Segundo a psicanalista Mary Ashwin(2000) , o indivíduo invejoso, numa tentativa de defender-se de sua inveja, cinde (separa uma coisa boa de outra ruim dentro da mente) e projeta a inveja (que é sentida como má) para outras partes de sua própria mente.


Nesse processo as partes projetadas passam a existir como figuras significativas ou como partes rejeitáveis do próprio self invejoso. No primeiro caso, o invejoso vê figuras de autoridade internalizadas como agressivas, criticas ou más. Um marido invejoso, um professor maldoso, um chefe antipático, etc. No segundo caso, o invejoso elege partes de si mesmo que são tidas como repugnantes e rejeitáveis e das quais ele se envergonha. O processo de auto-inveja funciona como se o indivíduo tivesse dividido em duas partes. Tudo que a parte não invejosa do indivíduo faz, pensa ou cria, é atacado pela parte invejosa. Dessa forma, o indivíduo, ao ter boas idéias, retrai-se e desvaloriza essas mesmas idéias ou seja, destrói seu próprio processo criativo. Uma vez que esse processo ocorre com freqüência, o invejoso torna-se medíocre e obscuro.


Essa manobra defensiva, faz com que o psiquismo do invejoso fique habitado por muitos outros invejosos que ameaçam atacá-lo a partir de seu próprio universo interior. Essa é uma das origens de algumas dúvidas pois, várias partes do indivíduo atacam-se mutuamente, impedindo-o de tomar decisão com alguma segurança. Quando as coisas chegam nesse estado, as capacidades criativas desaparecerão.


A pessoa que sofre de auto-inveja está sempre sentindo que não vive completamente seu potencial criativo e, ao mesmo tempo, está impossibilitada de descobri-lo. Na prática, podemos observar isso, quando o indivíduo tem uma boa idéia e logo desiste dela, desvalorizando-a completamente. Procura todos os empecilhos necessários para evitar a execução da idéia. Geralmente ele envergonha-se de suas idéias (como também de si mesmo) e procura referências alheias em detrimento das suas próprias. Essa é a reafirmação de sua própria insuficiência.

Alguns autores ligam a autodestrutividade com a auto-inveja. O invejoso, geralmente se destrói antes de conseguir atingir seu sonho.

Mas muitos deles, quando conseguem, podem desenvolver algum tipo de doença ou instabilidade mental ou mesmo comportamentos destrutivos, que os impeça de dar continuidade à realização do sonho.

Tais autores citam exemplos de escritores e artistas que sofreram desse tipo de patologia. Dentre eles, há uma menção a Beethoven (Rafael Lopez Corvo, 1995), que ficou surdo num grande momento de sua vida. Mas essa condição é muito mais comum do que se pode imaginar e está muito presente naquelas pessoas que sofrem fracassos inexplicáveis.
INVEJA E A AUTO DESTRUTIVIDADE


Em geral, para evitar uma catástrofe física, a pessoa invejosa, pode utilizar métodos projetivos para livrar-se desses inimigos internos, colocando-os no mundo de fora. Com isso, ao fugir de seu próprio self invejoso, o indivíduo, inevitavelmente converte os elementos da realidade externa (pessoas boas, lugares bonitos e coisas) em entidades malévolas (bruxas, más influências, maus agouros, macumbas, etc.).


A inveja é uma emoção que destrói a vida, o crescimento pessoal, e é mortal em sua corrosão e destrutividade. É uma emoção implacável pois não permite que o indivíduo procure meios de curar-se. Um de seus pontos de ataque mais insidiosos ocorre sobre a memória (boas experiências e sobre os conhecimentos bons e úteis). Podemos ver isso, através do seguinte exemplo: Uma jovem mulher havia vivido com um homem por cinco anos. Nesse período, ele fora um excelente companheiro. Um dia quando ele terminou a relação por causa da recusa dela em reconhecer seus problemas e procurar ajuda, ele transformou-se, de um minuto para o outro, num monstro cabeludo e odiento. Falava para as outras pessoas de um mau hálito que o marido não tinha e vibrava quando ele metia-se em confusões trabalhistas com seus funcionários. As memórias dos cinco anos de relacionamento feliz e produtivo, onde o homem havia lhe dado um grande conforto e generosos presentes, haviam sido mutiladas, esquecidas e transformadas em escombros. Não haviam servido para que ela percebesse que estava doente e procurasse tratamento.


INVEJA E COBIÇA


A inveja é freqüentemente confundida com cobiça. Mas a cobiça é o desejo de ter algo, alguma coisa que o outro tem. É o desejo de ter o mesmo que o outro possui e aí, não se inclui o desejo de destruir para eliminar a diferença entre o possuidor e o que não possui.


INVEJA E VORACIDADE


A diferença entre a voracidade e a inveja está no fato de que, na voracidade a pessoa pode reconhecer e desejar o que é bom no objeto e tudo que a ele estiver vinculado. Na inveja o invejoso sente-se compelido a ridicularizar e envenenar aquilo que reconhece como bom. A inveja é projetiva (jogada nos outros); a voracidade é introjetiva (incorporada, visa colocar para dentro).

A INVEJA E OS PREJUÍZOS PARA NOSSAS RELAÇÕES PESSOAIS


A inveja é um sentimento ruim que esvazia o objeto invejado de suas características humanas. Geralmente, o aspecto invejado é a única coisa focada. As demais qualidades do indivíduo invejado ficam perdidas porque não são percebidas. O aspecto invejado é um alvo que oblitera todas as demais qualidades e recursos que o indivíduo têm. Por exemplo: Um homem que inveja outro que tem dinheiro. 


Ele nunca consegue pensar que o objeto de sua inveja, fez um esforço, passou necessidades e teve dificuldades para alcançar aquela situação financeira. O invejoso só vê aquilo que o indivíduo invejado tem na hora em que ele percebe a existência do bem.

Para aquele que é invejado, a inveja é sentida como um repúdio à sua personalidade. O invejado se sente como se tudo o que tem, fosse desaprovado pois, o invejoso, só vê o status atual. Todo o sofrimento, penúria e ansiedade empregados para conseguir o que foi invejado, são obliterados pelo invejoso. O invejado não é uma pessoa mas um objeto – uma coisa.

A invejoso é um indivíduo que se sente desesperançado e impotente. Ele nunca assume seu desejo e assim, pelo ataque, ele nega o que é bom no alvo da sua inveja. Talvez seja essa uma das piores coisas na inveja. Os invejosos podem negar um talento, um atributo, sentimentos, reconhecimentos e até mesmo ganhos materiais. O invejoso, em muitas condições, pode sentir que o invejado está escondendo ou retendo algo com o objetivo deliberado de não dividir e, dessa forma, o ataque invejoso, torna-se mais frenético e doentio.


O INVEJOSO NAS RELAÇÕES DE AMOR


Nas relações amorosas, o invejoso fica confuso com o amor do outro. Sente que não é merecedor desse amor já que é insuficiente e, por isso, não pode ser amado. O invejoso, nessas situações, fica paranóico e ansioso com os bons tratamentos recebidos daqueles que gostam dele. Como não pode dar também não pode receber.


Na realidade, o invejoso sabe que está com o objeto invejado porque deseja tirar algo que admira. Não há paz na relação porque o invejoso tem receio de ser descoberto em sua intenção de apropriação. Isso faz com que fique angustiado, com receio de ser rejeitado, descoberto e tornar-se objeto de vingança. Quando isso acontece, a relação amorosa compõe-se de um que ama e outro que inveja.


Existe entretanto, relações amorosas onde o amor “suaviza” a inveja do invejoso. Nesse caso temos duas pessoas que gostam. Mas o invejoso aqui, engrandece o parceiro de forma exagerada. O invejoso reconhece que é impossível competir e assim, idealiza a pessoa de maneira a deixá-la grandiosa, acima de sua inveja. Nesse caso o afeto não elimina a inveja mas, deixa mais difusos os elementos espoliadores o que torna a relação menos destrutiva.


A INVEJA E OS OLHOS “GORDOS”


Ao contrário do que imaginamos, o comportamento do invejoso pode ter um efeito drástico no invejado.

O invejoso pode afetar o mundo interno do invejado através de identificações projetivas (despertando ou colocando sentimentos no outro). O invejado, ao ser tomado pelas identificações projetivas, sente que alguma coisa mudou nele e que está se comportando de uma forma que ele não sente que é congruente com seu estado habitual mas, ao mesmo tempo não consegue compreender e nem mudar a situação.

O que aconteceu é que o invejoso por ter um mundo interno cheio de coisas más, para livrar-se de seu sofrimento, coloca todos os sentimentos ruins naquele que é objeto de sua inveja. Dessa maneira, o invejado torna-se um receptáculo de identificações projetivas do invejoso. O invejado pode sentir que se comporta de forma imprópria para com o invejoso sem, contudo, ter alguma compreensão do que está acontecendo.


Lembro-me de um caso curioso. Um casal separou-se depois de alguns anos de casamento. A esposa, uma mulher invejosa, havia levado um casamento saudável ao final por causa de seu sentimento de insuficiência que a impossibilitava de acreditar que seu marido a amasse e fosse fiel. O marido entretanto, apesar de gostar muito da mulher, muito tempo depois de separado, maltratava-a ou a ignorava, sempre que se encontravam. Não importava se o encontro era casual ou propositado. Ele não compreendia aquela agressividade que ia contra suas crenças e padrões habituais de comportamento.


Um dia, a conselho de seu analista, resolveu ter uma conversa com a ex-esposa. Descobriu que ela o achava um homem maravilhoso e bom a quem ela tinha feito muito mal. Ela também achava que ele a odiava por ter sido tão doente e problemática no período em que haviam vivido juntos. Mas ela o odiava por ter pedido a separação dando fim à única relação boa que tinha conhecido na vida. Todos os dias ela pensava nele como alguém cheio de raiva e que nunca conseguiria perdoá-la. Tinha raiva dele porque não tinha se apercebido das dificuldades dela e tido paciência.



ENEAGRAMA E A INVEJA


Tipo 4 - O Romântico
Vício Emocional = Inveja

As pessoas do tipo 4 são centradas na emoção, são sensíveis ao ambiente e emocionalmente instáveis. A sensível percepção emocional faz delas pessoas que vêem o que a maioria não vê. O vício emocional é a Inveja, que, por ser inconsciente, é justificada com a atitude insatisfeita e auto-imagem de singularidade. Das 9 emoções descritas no eneagrama, a inveja é a mais incompreendida, agravando a dificuldade dos Românticos em se identificarem no eneagrama. O que facilmente reconhecem é a insatisfação.

O nome Romântico vem da comparação de sua vida com uma outra idealizada, em que A!, sim, as coisas poderiam ser melhores. A crítica e a exigência de originalidade faz delas pessoas conhecidas como autênticas.

A principal consequência negativa desta forma de se organizar reside na dificuldade em reconhecer suas reais necessidades. Tal afastamento de si revela pessoas centradas no que falta, a característica comum é a insatisfação. ...Se pelo menos fosse assim...
Como o foco é para o que falta e a comparação é constante, tornam-se pessoas críticas e muitas vezes irônicas. Há uma sensação básica de que foram ”sacaneadas” pelo mundo ou por outras pessoas.


Máscara 4


Focalizam sua atenção no amor ausente, sentindo-se frustrados quando o amor está ao alcance. Possuem, por isso, um forte sentimento de abandono e perda. Evitam o comum e o ordinário, o ideal nunca é o aqui e o agora. São trágicos, sensitivos, artísticos. Por outro lado, podem desenvolver uma profunda sensibilidade, emotividade e uma grande capacidade de auxiliar aos outros.


O sofredor - original invejoso

Alguém perguntou: "É preciso sofrer o tempo todo para manter a consciência aberta?" Ele respondeu: "Há muitas espécies de sofrimento. O sofrimento também é um bastão de duas pontas. Uma leva ao anjo; a outra, ao diabo. Temos que lembrar o movimento do pêndulo: após um grande sofrimento existe uma reação proporcionalmente grande. O homem é uma máquina muito complexa.

Ao lado de cada 'bom caminho' há sempre um 'mau caminho' correspondente. Um caminha sempre ao lado do outro. Onde existe pouco bem, existe pouco mal; onde tem muito bem, tem também muito mal. O mesmo acontece com o sofrimento; é fácil encontrar-se no caminho equivocado. O sofrimento se transforma em algo agradável. Alguém é golpeado uma vez, e tem dor; a segunda vez tem menos dor, na quinta vez já está desejando ser golpeado. Deve-se estar em guarda, deve-se saber o que é necessário a cada momento, porque a gente pode se desviar do caminho e cair num fosso."
G. I. Gurdjieff


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Trabalho de Pesquisa realizado por Ana Maria Costa

Podemos definir a inveja como sendo a manifestação do desgosto ou pesar pelo bem ou felicidade de outrem e o desejo violento de possuir o bem alheio.
A inveja habita no fundo do vale onde jamais se vê o sol. Nenhum vento o atravessa, ali reinam a tristeza e o frio, jamais se acende o fogo, há sempre trevas espessas... Assiste com despeito aos sucessos dos homens e este espetáculo a corrói, ao dilacerar os outros, ela se dilacera e este é o seu suplício.

O ser humano tem um instinto de competição muito forte e desde de pequeno ele vivencia situações de comparação que o leva para a auto-frustração. Nas comparações, o indivíduo pode ganhar ou perder. No caso da perda, ele fica com baixa auto-estima e com isso vem a inveja do outro e conseqüentemente vem também um sentimento de raiva porque ele começa a acreditar que ele é incapaz e que ele nunca vai ter a característica que o “vencedor” tem. Daí existe um passo muito pequeno para que ele desenvolva sentimentos de menosprezo ao outro, pois surge dentro dele um sentimento de que como ele não pode ter o que o outro tem então sente necessidade de depreciá-lo para minimizar o sentimento de inferioridade que se formou nele. Quando há comparação e surge o ciúme instala-se a inveja.

Dr. Roque Theophilo no seu trabalho Estudo – Ensaio das Máscaras da Inveja cita: “O que caracteriza a inveja é uma auto-frustração, desde que a vida social é baseada na comparação e desde cedo aprende-se a interiorizar esse processo em seu comportamento. Através do processo educativo, a partir da família, todos os mecanismos são feitos a base de comparação, pois sempre há alguém na história familiar que num determinado momento, é apontado como modelo. Para que se estabeleça a inveja são apenas necessárias duas condições: 1-) desagrado pelo êxito do outro, 2-) prazer pela mágoa do outro, o que vem confirmar o motivo da inveja viver mascarada, porque o invejoso teme não revelar os sentimentos inferiores que regem o seu comportamento”.

As máscaras da inveja não são as mesmas das máscaras sociais que no caso serve para exprimir os papéis sociais isto é são os vários personagens que adquirimos no convívio social, como filhos, irmãos, estudantes, patrões, empregados etc. Elas são máscaras úteis e fazem parte do nosso dia a dia social. Já as máscaras da inveja assumem sob forma de acobertamento dos invejosos que não querem que a pessoa invejada perceba a sua inveja. O invejoso tem o dom de camuflar.
Zuenir Ventura em seu livro “Inveja – Mal Secreto” cita: O ódio espuma. A preguiça se derrama. A gula engorda. A avareza acumula. A luxúria se oferece. O orgulho brilha. Só a inveja se esconde.

AGREGADOS PSÍQUICOS DA INVEJA


EU COMPETITIVO


É aquele que gosta de competir. Existe dentro de nós mesmos uma competição terrível de idéias, sentimentos e prazeres não muito diferente das competições que existem afora, na vida diária. Hoje em dia tornamos a nossa vida numa competição e é justamente por isto que estamos sofrendo as consequências pelas equivocações que tenhamos formados em nossa vida. Uma pessoa vai para escola não com o intuito de se educar mas sim para competir na vida e isto é completamente equivocado. Também as escolas hoje em dia preparam as nossas crianças somente para este fim, não as preparam para uma eventual derrota e com isto quando se dá mal na vida se volta contra a mesma ressentida e daí começa a roubar, matar, mentir, fingir, etc...
Este eu competitivo está muito enraizado dentro de nós mesmos. Se passarmos a viver a vida não como uma forma de competição, com certeza que aproveitaremos e muito a oportunidade que temos, mesmo que fracassamos em determinadas ocasiões. Isto posto que não sentiremos fracassados ou derrotados uma vez que não estamos competindo com ninguém. A vida não é uma competição e sim um aprendizado para a nossa própria auto-superação. Devemos aprender que os fatos em si não derrotam ninguém e sim a forma de como reagimos a estas com sentimentos equivocados, emoções desnecessárias, atitudes raras, etc... Devemos aprender com as dificuldades, este é o nosso melhor ginásio psicológico.

EU MALICIOSO


Enraizado no centro mental, muito egocêntrico. Utiliza-se da astúcia e da esperteza. Quer tirar proveito em tudo que faz. A malícia é um mal descomunal, atua em diversos níveis da mente e é muito dotada de infraconsciência. A malícia atua com a mentira, com engano, falsidades, poses místicas, etc... O malicioso para se dar bem em algumas situações finge-se humilde. As vezes se disfarça de padres e pastores, guias espirituais, diplomatas, politicos e muitos outros. A malícia visa sempre o interesse próprio aproveitando-se da boa vontade de outras pessoas que estão para lhe ajudar. Não querendo diferenciar a ninguém porque todos nós temos isto adentro, vemos os mendigos que se deita no chão, mal vestido, esfarrapado, sem comida, etc... alguns destes mendigos não são mendigos e sim aproveitadores.

Dentro de nós mesmos atua escondendo os nossos defeitos de nossa própria consciência que se encontra engarrafada. Alguns se aproveitam do ensinamento que nos é dado para despertar e com isto continua na escuridão. O eu malicioso se presume virtuoso quando se faz necessário, então passa ajudar algumas pessoas com o intuito de se aproveitar delas posteriormente, fazendo isto em troca de algo. Isto acontece muitas vezes entre irmãos, amigos e colegas de trabalho. O eu malicioso utiliza-se do pretexto de um casamento certo para um relacionamento amoroso e quando isto ocorre abandona a parceira ou o parceiro depois de satisfeito o seu prazer.
A malícia não se dá por vencida, portanto não desiste, mesmo que tenha tido alguma eventual derrota ou fracasso.

EU MENTIROSO


Definitivamente a mentira é um mal que assola esta humanidade, é de origem totalmente infraconsciente. Quem mente peca contra DEUS PAI peca contra a verdade porque DEUS PAI é somente a VERDADE. Hoje em dia utilizamos a palavra para mentir, esconder, ludibriar, enganar, etc... e o resultado é isto que vemos hoje em dia. Todo mundo mente e ninguém diz a verdade. Isto quer dizer que quem domina é o ego e não a essência, a nossa própria consciência que está aprisionada dentro da mentira. Se a nossa consciência fosse livre não haveria necessidade de mentir para ninguém e nem para si próprio. O mentiroso por incrível que pareça consegue enganar a si próprio fazendo-se acreditar que é alguém muito importante que veio para ajudar a cumprir uma missão, etc... Existem indivíduos, (e devemos olhar como um espelho, como um reflexo de nós mesmos, daquilo que somos) que passam a vida inteira em uma situação de mentira, vivendo atrás de uma falsa imagem, uma falsa personalidade, atrás de uma falsa virtude e muito mais. São casos de alguns líderes espirituais, líderes religiosos, pastores e padres. Também dos politicos que prometem, prometem, prometem e não cumprem nunca aquilo que prometeu. Estamos rodeados de escolas e seitas, partidos politicos e religiões que definitivamente só nos levarão para o abismo. Não estou dizendo que todas sejam, definitivamente digo que apenas algumas destas são verdadeiras. Jamais devemos nos deixar levar pelas aparências.

Porém mais urgente é aprendermos como a mentira se utiliza de nossas emoções, estados emocionais, sentimentos, pensamentos e desejos. Costumamos muitas vezes mentir para nós mesmos. As vezes nos julgamos importantes e melhores, outras vezes nos sentimos os piores. Vivemos sempre nos extremos de uma situação. Existem coisas que jamais faríamos porque julgamos que somos incapazes de fazer sem ao menos tentar fazê-las. É como se a mentira tivesse se projetado em nossa psique antes de realizar algo e começa então a dizer para nós mesmos que não conseguiremos, que somos inferiores, que somos um fracassado, etc... com isto vem a derrota antes mesmos de entrar na batalha. No caso inverso, acontece o oposto, nos julgamos superiores e o mais adequado para realizar o que deve ser realizado e quando de fato começamos a realizar nos surpreendemos pela dificuldade que temos em realizar aquilo que achávamos muito fácil. Antes da batalha nos julgamos vitoriosos e após a batalha saimos vencidos.
Uma pessoa mente para roubar, furtar, enganar, aproveitar, etc... se continuamos assim estaremos sempre pecando contra DEUS PAI e portanto estaremos sempre sofrendo as consequências destas mentiras. Com a mentira que existe dentro de nós não só nos prejudicamos como também toda a humanidade.

EU INVEJOSO


A inveja é a mola secreta de toda ação. Pela inveja trabalhamos árduos anos a fim de conseguir o que outro tem. Pela inveja procuramos encontrar a melhor pessoa para nos relacionarmos. Pela inveja procuramos o melhor emprego, a melhor escola, o melhor carro, etc... Quase sempre invejamos o que vemos nesta vida, isto pelo fato de estarmos identificados com algo ou com alguma pessoa. Muitos são capazes de matar por inveja, outras roubam por inveja, em outros casos destroem casamentos e familias inteiras, muitas vezes associado ao ciúmes. A verdade é que as vezes não queremos ver o bem das outras pessoas. Desejamos o mal para os demais. Devemos aprender a mudar esta situação de uma vez. Fazer ou obter as coisas não pela inveja ou competição, mas sim porque devemos obtê-las por serem necessárias. Não desejar o mal para ninguém, nem para os nossos inimigos. Isto está muito associado à cobiça. Cobiçamos os bens alheios, a mulher do próximo, o dinheiro, uma boa conta bancária, etc... por isto invejamos. O eu invejoso se manifesta com o orgulho e a cobiça. Associa-se às vezes a uma auto-imagem. Por isto queremos ter mais, muito mais.

EU INFELIZ


O eu infeliz é aquele que não se contenta com nada. Não aceita o que é e nem o que tem. Tem aversão à sua própria vida. Conhecemos muitos casos de pessoas que vive à beira da sociedade mas que se sentem felizes por conseguir obter alguma renda não se importando com o tipo de trabalho que realiza para isto. Sente-se feliz quando percebe que está alimentando seus filhos mesmo vivendo em condições precárias. Agora o caso é de alguns sujeitos que nascem em berço de ouro, tem-se de tudo e consegue tudo a qualquer momento podendo-se fazer de tudo nesta vida. Só que estes sujeitos não são felizes, não se sentem felizes. A infelicidade existe sempre na sua psique. Quando, em menos consegue sair das drogas e vícios, acabam se suicidando. Porque o infeliz vai tentar sua felicidade no mundo do crime, no mundo das drogas, dos vícios, da prostituíção, das festas, boates, etc... Porém devemos analisar como isto atua dentro de nós mesmos aqui e agora. Sempre existe algo que acaba nos deixando infelizes.

EU TRAIDOR


O eu traidor é aquele que prejudica outra pessoa. É também capaz de prejudicar uma grande causa. Sempre existiu aqueles traidores que traíram os Mestres. Judas traiu Jesus e ainda continua dentro de nós mesmos a trair o Cristo Íntimo. Sempre traímos o Cristo quando o trocamos pelos bens materiais, por uma vida estável, por uma estabilidade financeira, etc... Este Judas psicológico que existe em nossa psique deve ser eliminado senão sempre traíremos o Cristo. O pecado da traíção é algo terrível e a consequência disto é uma karma de muitas existências desajustadas. O preço da traíção é muito caro. As vezes confiamos toda uma vida a uma determinada pessoa e por fim ela acaba nos traindo.
Devemos descobrir como este eu traidor age em nossa psique, em que níveis ele atua e que com finalidades.

EU EMBUSTEIRO


Este é aquele que fala, que esconde, que mente causando intrigas aonde se encontra, em alguma associação, escola, familia, trabalho, etc... é como as fofocas e as críticas que existem para prejudicar alguém.

EU HIPÓCRITA


O eu hipócrita finge ter virtudes. A hipocrisia nos acaba levando à mitomania e à paranóia. O eu hipócrita é daquele do tipo fariseu, que frequenta igrejas e cultos se sentindo justo perante DEUS e olhando com desprezo aos seus semelhantes. Devemos estar atentos contra nós mesmos pois é muito comum e acaba criando em nós mesmos a falsa consciência.

EU BRUXO


Muitos se utilizam da bruxaria e da feitiçaria para se conseguir o que tanto deseja. Muitos chegam a realizar cursos de práticas mentais, a desenvolver a mente só para dominar a mente dos outros. Isto é bruxaria. Alguns utilizam práticas de magia negra e para isto utiliza-se de crianças inocentes para estes fins. A hipnose também é uma forma de bruxaria, alguns utilizam da hipnose para hipnotizar os demais a fim de se conseguir algo.

EU DESACREDITADOR


É aquele que faz com que o outro desacredite do que faz. "Isto não vai dar certo", "isto não é assim", "não vai ficar bem", etc... É como se ficasse enfiando na mente do outros idéias negativas a fim de impedir seu empreendimento. Da mesma forma acontece isto em nosso interior: "não consigo eliminar este defeito", "é muito díficil mudar a minha psique", "não vou conseguir".





AS ATITUDES DA INVEJA



1-Mentir para se dar bem ante os demais

2- Mentir para ocultar algo dos demais

3- Agir com hipocrisia

4- Desejar ter o que os outros tem

5- Desejar ocupar a posiçao de alguém em uma organização

6- Trabalhar excessivamente para acumular bens
7- Trair qualquer pessoa só para conseguir o que quer
8- Desejar qualquer coisa de forma obstinada
9- Criticar os demais pela sua conduta
10- Sentir-se mal pelo bem estar de outras pessoas
11- Querer ocupar um lugar que não é o seu
12- Desacreditar a idéia de uma pessoa
13- Desanimar qualquer pessoa de fazer algo
14- Idolatrar exageradamente uma pessoa
15- Estar sempre elogiando as outras pessoas
16- Usar a crítica mordaz para se auto-afirmar
17- Estar sempre comentando a vida dos outros (fofocas)
18- Falar excessivamente de si mesmo para os demais
19- Usar a bruxaria ou feitiçaria para impedir alguém
20- Está sempre competindo com os demais
21- Temer a perder algo nesta vida
22- Temor ao que dirão
23- Temer viver na miséria e na pobreza


Algumas idéias básicas nos ajudam a conhecer a natureza da inveja e alguns de seus elementos:

1. “Quando um dos meus amigos tem sucesso, alguma coisa em mim se apaga”, afirma Gore Vidal, mostrando uma das faces cruéis da inveja.

2. Ketz de Vries, um dos nomes mais respeitados no estudo da inveja, afirma que no mundo pragmático, o que não é observável é ignorado. “No mundo pragmático, o teatro interior é ignorado ou exageradamente simplificado”. Essa percepção equivocada me faz representar para outros aquilo que não sou. Compro a minha infelicidade, por falsificar-me.

3. Quando não me conheço bem, ou não respeito meus limites, o sentimento de confusão toma lugar, levando-me à angústia. Em vez de competir comigo mesmo, para ser melhor a cada dia, passo a competir com outros.

4. É vergonhoso para mim admitir que invejo, a idéia me causa repulsa, então, preciso utilizar de estratagemas para dissimular meus sentimentos (para que os outros não percebam e para mim mesmo, para que não me sinta ainda mais inferior).

5. Cuidado com olho gordo. Ele lhe traz maus presságios!

6. Se inveja fosse febre, o mundo todo estaria doente.

7. A inveja jamais dá lugar à festa.

8. A inveja tem sono leve e ambições desmesuradas.

9. A essência da inveja está na rejeição da diversidade.

10. A inveja é companheira da baixa auto-estima e do psiquismo fragilizado.

11. A inveja é inerente ao ser humano, faz parte da sua mesquinhez. Passamos pela vida tentando provar nosso valor para outros e, por isso, nos comparamos. Na ânsia de mostrarmos nossa superioridade, acabamos prisioneiros da inveja.

OS 4 ESTADOS DE FORMAÇÃO DA INVEJA,
SPIELMAN (1971)

1. DESEJO DE EMULAÇÃO (FAZER DE CONTA)
Aspiração de igualar, imitar ou superar o invejado.

2. MEDO DE SER LESADO (FERIDA NARCISISTA)
Impressão de ser inferior, imperfeito, descrença nas próprias capacidades.

3. SENTIMENTO DE COBIÇA
Desejo ardente de possuir aquilo que o invejado detém.

4. SENTIMENTO DE CÓLERA
Desejo de ver o outro ruir.
Formas de manifestação da cólera:
atenuada: decepção ou descontentamento
manifestas: rancor ou má vontade
violentas: desejo de destruir ou deteriorar o objeto cobiçado.

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Vou discorrer sobre isso à luz da Psicologia e da Cabala, que se entrelaçam em muitos pontos, mas fundamentalmente conto do que sei (do saber, do sabor de quem saboreia), do que experiencio em minha vida.

O sentimento de inveja surge numa pessoa logo após um pensamento. Pensamentos nascem a partir de sentimentos. Eu sinto e logo minha mente cataloga, analisa, rotula, estrutura esse sentimento em algo conhecido ou “conhecível”. O intelecto tem mesmo essa função, para organizar nossa vida, mas não devemos dar importância igual a tudo o que ele faz.

A inveja surge após um pensamento de limitação e impotência, de incapacidade ou não-merecimento: “ele tem, eu não tenho”, “ele pode, eu não posso”, “ele é, eu não sou”, “ele faz, eu não faço”, etc. A partir daí, o invejoso tem outro sentimento, que é a raiva. Raiva de si próprio, do outro, da “injustiça” da natureza ou de Deus. As reações podem ser as mais diversas, de depressão por julgar-se impotente, até a violência por julgar-se todo-poderoso, passando por todo o gradiente inbetween como cinismo, desprezo, rancor, indiferença, sarcasmo, abandono, culpa, auto-comiseração, tristeza, ciúme, rejeição, repulsa, revolta, infarto, câncer, aborto, acidentes, etc.

O invejoso passa a vibrar negatividade em todo seu corpo e isso é percebido por outras pessoas que estejam nessa sintonia, pois as ondas entram em concordância.

 Outros invejosos sofrem com a emanação da inveja, assim a inveja “pega” em quem tem esse padrão dentro de si em algum nível. Como isso é físico, o oposto ocorre em quem não tem o padrão de inveja: a inveja não atinge os não-invejosos, por falta de afinidade energética. Mas, como nossa saúde energética varia ao longo do dia e da vida, pode ocorrer de, mesmo não tendo o padrão da inveja, sermos abordados por ondas de invejosos que nos atingem num momento que estamos com a guarda baixa por sentimentos de raiva, culpa ou algum outro sentimento que nos tenha desestabilizado, nos tirado do ambiente seguro e protegido da Luz.

Para nos ajudar nisso, a Bíblia nos propõe: “Vigiai e Orai”, porque o inimigo está em toda parte, porque está dentro de nós.

Na verdade, o invejoso não é maldoso, ele não decide vibrar assim para prejudicar os outros. O invejoso é ignorante. No sentido mais básico da palavra: ele ignora as leis da natureza, do sistema em que vive.

1. Lei da Provisão Infinita
O planeta em que vivemos é um organismo vivo, capaz de gerar vida sobre sua superfície, tem calor, nutrientes, minerais valiosos em seu interior, é banhado de luz e água. Há vida e alimento para essa vida. É um sistema que produz riquezas sem a ação do homem, portanto é um sistema de provisão infinita. Isso ocorre com todos os recursos existentes no sistema: comida, abrigo, saúde, dinheiro, cultura, amor, amigos, conhecimento, prazer, lazer, calor, silêncio, paz, etc etc e mais etc. Tudo neste sistema pode haver em abundância até não ter fim.

 Assim sendo... todos nós podemos ter de tudo, fazer de tudo, experimentar de tudo – e em abundância. Não precisamos invejar, porque não são quantidades finitas de nada. Em vez de invejar quem consegue algo, eles deveriam de alegrar, comemorar, porque se o outro conseguiu, ele também pode, e com mais facilidade por ter uma idéia do caminho a ser percorrido.
Mas, se tudo está aí no planeta disponível para nós, por que há tanta miséria, doença e conflito? Ignorância. A ignorância é a mãe do sofrimento. A ignorância não é falta de estudo, mas falta de sabedoria. A ignorância gera três grandes males: desejo (o doentio), apego e aversão.

Os pequenos contratempos de nossa vida (já abençoada por trabalho, saúde e amor) também são filhos de nossa ignorância. Quanto mais alimentamos nossa sabedoria, mais conectados ficamos com Deus, que nos transmite toda a informação de que precisamos para conseguirmos as coisas que precisamos para termos uma vida mais sábia. É um ciclo virtuoso. A sabedoria traz abundância, saúde e harmonia, eliminando a pobreza, a doença e o conflito.

Como Deus nos passa “a cola da prova”? Estando conectados a Deus, nossa percepção aumenta. Percebemos quem é a pessoa certa em tal situação, percebemos o que as pessoas nos dizem, percebemos qual livro devemos ler ou não ler, percebemos a hora de agir e de recuar, simplesmente percebemos. Intuimos, vemos, ouvimos, cheiramos, sentimos no coração, cada um descreve de um jeito. Mas em resumo, é nosso Ser Superior que nos guia, é a parte de nossa alma que está diretamente ligada à Provisão Infinita.

Faz parte de nossa natureza, de nosso DNA, de nossa memória ancestral, de nosso instinto mais básico PRODUZIR RIQUEZA. Isso mesmo, nós seguimos a “vocação profissional” de Deus, que é quem inventou a Provisão Infinita, e naturalmente queremos produzir abundância de tudo o que é bom. Queremos com todas as nossas células gerar mais amor, mais sabedoria, mais saúde, mais comida à mesa, mais amigos, mais filhos, mais viagens, mais estudos, mais beleza, mais arte, etc. É natural querermos mais, então produzamos mais, para nós e para os outros.

Desse instinto de prosperidade e abundância, quando há falta de sabedoria, derivam distorções como acumulação, avareza, mesquinharia, desperdício, descaso, desrespeito, ganância, materialismo, roubo e todo tipo de crime, e a nossa conhecida inveja.
Então vamos contar aos invejosos de plantão que TEM PRA TODO MUNDO!!!
E quem sabe mais, ajude os que têm dificuldades em conseguir seus objetivos.


2. Lei do Receber para Compartilhar

A Cabala conta que no princípio havia nada. Um nada tão grande, tão profundo e infinito, que implodiu e começou a atrair tudo. E Tudo veio de uma só vez, uma força tão grande e poderosa de criação, uma fonte infinita de força e poder, que nunca mais se dissolveu, a que chamamos de Deus. E como era muito de tudo, Deus precisava dar-se, não agüentava tanta energia acumulada, e começou a explodir, jorrar, criando tudo o que há. Universos, galáxias, planetas, seres, homens. Deus nos criou para ter para quem dar de si!

Tudo o que temos e somos vem de Deus. Nosso corpo físico e saúde, nosso cérebro que processa informação e produz inteligência, nossa capacidade de trabalho que produz dinheiro, com o qual compramos tudo o que queremos e de que precisamos, tudo vem da doação de Deus. Nada é nosso originariamente, porque nossa alma também vem de Deus.

Daí vem nossa busca por Deus, nosso Teotropismo. Queremos voltar à Casa do Pai, queremos voltar ao Paraíso de Amor, que nossa alma conhece tão bem. Então Deus nos deu também a capacidade de dar, tornando-nos mais semelhantes a Ele. Podemos dar tudo de nós, que ainda nos restará tudo, porque nossos recursos são infinitos.

Mas se nada dermos, permanecemos como um vaso cheio de água que aos poucos vai ficando verde, turva, apodrece, cria limo. Para bebermos da Provisão Infinita, temos que funcionar como um tubo aberto nas duas extremidades, que recebe e compartilha, mantendo a água sempre fresca, limpa e viva.

A confiança de que nada nos falta e que tudo do que necessitamos nos é dado, impede que a inveja ronde nosso coração e mente. O invejoso não sabe que a natureza está lhe dando todos os elementos para ele conseguir tudo o que ele quiser. O invejoso acredita na escassez, na finitude, na limitação, no pouco que vê e percebe de seu mundo.

Então vamos dar sabedoria ao invejoso, para que ele comece a dar de si, fazendo a água parada se movimentar, para que Deus possa enchê-lo com suas bênçãos novamente. E como não sabemos exatamente quem são os invejosos à nossa volta, e até nós podemos cair em momentos de inveja, vamos dar sabedoria, afeto, informação, amor, orientação, acolhimento, incentivo, reconhecimento, nutrição, apoio, perdão e colo a todos e ao nosso intelecto também. Nosso intelecto “briga”com nossa alma muitas vezes, porque ele acha que ele é quem sabe tudo, e nós sofremos com esse conflito interno.

Nada do que recebemos nos pertence. Tudo vem de Deus e pertence ao universo. Vem através de nós, conforme nossa capacidade de receber, conforme a pureza de nosso tubo condutor, mas vem para ser compartilhado com todos os seres. Se queremos mais de alguma coisa na vida – mais dinheiro, mais amor, mais saúde – comecemos dando dinheiro, amor, saúde, não importa o quê, pois é tudo a mesma energia.
Receber para Compartilhar. Dar para receber. “É dando que se recebe”.

Cada um de nós que recebe dos demais aproveita essa doação de formas diferentes, conforme a pureza de nosso “tubo receptor-doador”. Mas a pureza do tubo dos outros não é na nossa conta. Damos simplesmente. O que o outro vai fazer com aquilo não é de nossa alçada. Se dermos informação, ele poderá aproveitar melhor das doações, mas somente se o conhecimento o tornar uma pessoa mais sábia, se mudar algo em sua essência.
Um bom exemplo disso é nossa relação com o dinheiro. 

O dinheiro é nossa capacidade de trabalho materializada. Dinheiro é nossa inteligência, nosso talento, nosso vigor físico, representados por pedaços de papel. Dinheiro é parte de você ali, dentro de sua carteira ou nos números do extrato do banco. Então por que tem gente que trabalha e ganha dinheiro e gente que trabalha e não ganha? E por que tem gente que ganha e multiplica e tem quem ganha e perde? Por que tem gente que ganha e constrói casas bonitas, viaja, bebe bons vinhos e tem gente que ganha e só acumula e guarda? E quem ganha e gasta? Ganha e é roubado? Ganha e perde? Ganha e dá embora displicentemente? E o que dizer dos que não trabalham e ganham? Ganham de herança, de doações, de presente? E ainda, os que não têm dinheiro, mas têm uma vida abundante, em que nada lhes falta?

As pessoas fazem com dinheiro o que fazem com a vida no geral, é como tratam o que recebem, é como tratam a si mesmos. Os invejosos sentem que lhes falta algo e pensam ser aquilo que os outros conseguiram. Na verdade, os invejosos querem ser melhores, querem desobstruir seus tubos e passar a receber e dar livremente, querem entrar na roda da abundância, mas não sabem identificar isso dessa forma. Então cobiçam os resultados das atitudes amorosas dos outros, que resultou em prosperidade em suas vidas. Mas se eles conquistarem somente o resultado, não saberão reproduzir o fenômeno de multiplicação, e se frustrarão novamente, confirmando que para eles nada dá certo mesmo.

Os invejosos precisam aprendar a dar, a receber, e a agradecer o nada que pode haver entre esses dois estados. A gratidão por tudo o que recebemos ou não recebemos derrete as crostas que obstruem nosso tubo receptor-doador. É comum os invejosos não se contentarem com coisa alguma, nada do que lhes façamos ou digamos lhes agrada ou conforta. Eles não se sentem merecedores de receberem qualquer coisa que não seja o alvo de sua inveja, o que acreditam poder ter, mas que foram injustiçados pela vida. Mas o exercício da gradidão, do eterno agradecer, do reconhecimento da ação de Deus em tudo, desde o nosso respirar até a concretização dos mais almejados sonhos, abre espaço para que as bênçãos de Deus cheguem até nós com facilidade.

Apesar de “ter pra todo mundo”, nem tudo o que a gente planeja e se empenha em conseguir, acontece. Porque nem todas as Leis Divinas foram ainda desvendadas, não entendemos o desenrolar dos acontecimentos como sendo parte da Perfeição. Mas acredite – aí precisamos de fé – tudo está perfeito.
Há projetos que mal acabamos de formular já se realizam.
Há projetos pelos quais lutaremos toda uma vida e nunca serão possíveis.


E há toda a gama entre esses dois exemplos.
Agradeça a todos eles. Agradeça a Deus pelo desenrolar das histórias, qualquer que sejam os finais. Acredite: todos são finais felizes. Porque há os projetos que nascem de nossos desejos, e há os projetos maiores, coletivos, do planeta, do universo, de Deus. Se eles estiverem todos alinhados, os nossos se realizam. Caso contrário, “dá errado” sob nossa ótica, mas sempre vai estar “dando certo” para o sistema maior. Deus precisa mexer em nossos projetos para ajeitar outras variáveis, para que tudo permaneça em harmonia, sempre para o Bem de todos.


Então agradeça sempre, não importa o quê. Agradeça também a dor da frustração, do medo, da solidão que podem vir com um projeto mal sucedido. Essa dor pode nos dar pistas do que está obstruindo o tubo.
Esse é o nosso verdadeiro e único livre-arbítrio: diante de um acontecimento na vida, temos o livre-arbítrio de reverenciar a Deus ou não. A partir de cada escolha, nossa vida toma um novo rumo.


A Cabala nos conta, de forma alegórica e curiosa, sobre um tesouro que acumulamos no céu. Imagine um relógio de água, uma daquelas engenhocas cheias de recipientes, roldanas, alavancas, correias, vasos comunicantes, que marca as horas pelo nível da água em vasos. A água pinga dentro de um vaso, que quando se enche derrama a água em outro, que quando se enche transborda para outro, que por sua vez quando se enche empurra um pino, que libera um peso, que cai sobre uma alavanca, que derrama a água de outro vaso numa canaleta, que enche outro vaso, e vai assim até completar uma hora, quando então o sistema todo revoluciona, e começa tudo de novo no primeiro vaso. 

Conhece algo assim? A Cabala diz que cada gota de água é uma coisa boa que fazemos na Terra. Cada pensamento, sentimento ou ato para o bem, acrescenta uma gota, mas nada parece acontecer no cenário geral. Aparentemente não adiantou nada nossa doação. 

Continuamos a fazer o que achamos que é bom, mas nada muda em nossa vida. Não vemos o nível da água no primeiro vaso, não temos noção do quanto está transbordando para o segundo, mas continuamos a trilhar o que acreditamos ser o caminho. Como diz o filósofo Johnnie Walker, “Keep walking”. Até que um dia, num dado momento, a engenhoca toda revoluciona lá no céu e nossa vida muda! Toda aquela água é despejada sobre nós em forma de bênçãos e nós conseguimos dar um salto qualitativo como Seres na Luz. 

Então um dia percebemos que ficamos diferentes, que estamos mudados, nem sabemos por quê nem quando ocorreu a mudança. Muitas vezes esse fenômeno é bastante marcado e visível ao sobreviver de uma tsunami, ao ver um filho desenganado recuperar a vida, ao ganhar um processo impossível na justiça, ao ser escolhido para uma promoção com outros favoritos concorrendo, ao ganhar uma bolada de dinheiro, etc. São os chamado milagres. 

Milagres são conseqüências de nossos pensamentos, sentimentos e atos. Milagres são práticas naturais de Deus, fazem parte de suas Leis e ocorrem todo dia àqueles que escolheram dar antes de receber, aos que escolheram agradecer antes de obter o que almejam, aos que escolhem fazer de cada limão uma limonada bebendo-a com prazer e compartilhando-a.
Os invejosos precisam saber disso para se libertarem de sua espiral descendente.

3. Lei do Eterno Retorno

A metáfora do relógio de água introduz o conceito de que tudo o que somos e temos é conseqüência de nossos pensamentos, sentimentos e atos. Porque tudo o que sai de nós não é perdido ou destruído, apenas viaja no tempo-espaço e volta para nós. A cultura popular traduziu essa lei como “aqui se faz, aqui se paga”, “quem semeia ventos, colhe tempestade”, “está colhendo o que plantou”, etc. Não se trata de nenhum castigo dos céus, apenas ação e reação, uma lei física.

Conforme o que emitimos, dependendo das características das ondas dos pensamentos, sentimento ou atos, o tempo para o retorno varia, assim como a forma do que retornará pode ser outra. Os “trocos” que recebemos na vida não são óbvios, como duas crianças brigando: uma puxa o cabelo da outra e a outra revida puxando o cabelo da primeira. Os pensamentos, sentimento e atos negativos que emitimos intencionalmente ou não podem levar anos para retornar a nós, e quando isso acontece dificilmente associamos os fatos. Mesmo porque, como a forma pode mudar, um erro que cometemos com alguém relacionado a dinheiro, pode nos voltar em forma de doença, ou uma omissão que cometemos numa situação de doença pode nos voltar como abandono pela pessoa amada. É um quebra-cabeças impossível de solucionar. Estaríamos à mercê da Lei do Eterno Retono, presos ao que fizemos no passado, só aguardando sua volta?


Sim e não. Sim, porque é uma lei natural, imutável como a lei da gravidade. Não, porque aqui vai a boa notícia: a gente pode mudar as órbitas das coisas que lançamos por aí e também podemos mudar a qualidade delas! Máquina do tempo. No momento presente, podemos mudar nosso destino, ao mudarmos nossa vibração, nossa qualidade, nosso padrão energético, através do caminho da Luz, da conexão com Deus, da oração, da gratidão, da intenção verdadeira de sermos pessoas melhores. Assim, quando as coisas ruins que emitimos no passado retornarem, não encontrarão afinidade em nós, já seremos muito mais iluminados que aquilo, e dissolveremos a coisa, atenuando ou neutralizando totalmente seus efeitos. Não é fantástico? Deus nos deu a chave para a nossa própria felicidade! Ele não precisa ficar cuidando de cada ser do universo, cada um de nós cuida de si próprio, e tenta ajudar os outros.
Assim, só temos o que merecemos. Só temos na exata medida de nossa virtude. Nada que não nos pertença pode chegar até nós. Tudo o que nos acontece é nosso por direito. E diante de tudo, só nos resta agradecer.

Os invejosos não sabem disso e querem algo para o que ainda não estão prontos. Se não têm o que invejam, é porque ainda não o merecem. E se continuarem invejando, ficarão cada vez mais longe do objetivo. Ao verem que alguém conseguiu algo que eles consideram bom, deveriam alegrar-se com sinceridade porque o amigo venceu seus desafios internos e mereceu conseguir a tal coisa. A conquista é do amigo, particular, absolutamente personalizada, faz parte de uma história de vida única. 

O invejoso nunca terá o que não tem por seu mérito, e o mérito vem das virtudes, do aprimoramento espiritual, da elevação da alma, do trabalho material, da gratidão, da doação, da compaixão por suas próprias limitações, do amor-próprio. E conforme o indivíduo vai se aprimorando, suas necessidades e objetivos vão se modificando, e ele vai obtendo coisas diferentes. Tudo está perfeito.

Os invejosos não sabem que eles têm poderes infinitos, e que tudo podem n’Aquele que nos fortalece. Mas nós sabemos, e podemos ajudar as pessoas a realizarem seus projetos de vida e seus sonhos mais fantásticos, disseminando sabedoria e atitudes amorosas.

4. Atributos Divinos: o Bom, o Bem e o Belo


Algumas pessoas podem ficar assustadas com a possibilidade de ter tudo o que quiserem, de serem poderosas, de mudarem suas vidas. É natural. Fomos criados cheios de restrições, de regras, de medo, culpa, desvalorização, dúvidas, insegurança. Se isso não ocorreu no seio familiar, ocorreu na escola ou no governo. A sociedade, o coletivo, de alguma forma nos influencia a sermos menos do que verdadeiramente somos.

Os invejosos têm medo de sua individualidade, preocupam-se com a opinião alheia, dão muito poder aos outros, e pouco a si mesmos. Ao buscarmos nossa individualidade, nosso poder pessoal, temos que ignorar a opinião alheia. São movimentos incompatíveis. Grandes líderes são grandes porque fazem o que acham que deve ser feito, sem tentar agradar. Não seremos todos grandes líderes, mas para liderarmos nossa própria vida, temos que ter a atitude egoísta positiva de não estar nem aí para a opinião de quem quer que seja. Mas os invejosos, que estão focados nos outros, esquecendo-se de si mesmos, não conseguem sair do pântano de seu fracasso.


Afinal, o que podemos ter na vida? O que realmente podemos almejar e conseguir? Deus nos dá a pista do que é esse TUDO que podemos ter na vida: é TUDO que vem dEle. É tudo que seja BOM, que faça BEM ou seja para o bem, e que seja BELO. Ao almejar um objetivo material, de relacionamento afetivo, profissional, o que quer que seja, pergunte-se: É bom? É para o meu bem e/ou de mais pessoas? É belo?

Não se contente com pouco. Não espere menos que o melhor, ou a vida lhe dará pouco e menos que o melhor. Estabeleça objetivos nobres, dignos, e vá colhendo com gratidão o que for caindo nas suas mãos. Se vier algo mais ou menos, transforme-o, use como etapa intermediária, mas não desista da busca da perfeição do bom, do bem e do belo, que são qualidades divinas disponíveis a todos nós. Essa é uma jornada infinita, e o ponto de chegada é Deus.

Nade de braçadas na abundância de amor, dinheiro, saúde, prazer e beleza que a vida lhe traz e os invejosos nunca mais serão sequer percebidos. Naturalmente eles se afastarão de você, ou aprenderão com você a felicidade de construir uma vida digna, bela e livre.


Shalom

Adriana Vazzoler Mendonça
28/01/2005



Trabalho Acadêmico - Inveja e Gratidáo - Melanie Klein


Resumo
         Vemos na análise de nossos pacientes que o seio em seu aspecto bom é o protótipo da “bondade” materna, de paciência e generosidade inexauríveis, bem como de criatividade. São essas fantasias e necessidades pulsionais que de tal modo enriqueceu o objeto originário que ele permanece como a base da esperança, da confiança e da crença no bom. (Klein, 1991, P.211)

De acordo com Klein, a inveja está intimamente ligada à voracidade, e esta é colocada como uma manifestação das pulsões destrutivas. A voracidade não pode estar apenas vinculada à destrutividade, uma vez que ela representa uma forma insaciável, desmedida, do desejar humano e, neste gancho apresentado pelo “desejar”, afirma que há algo de libidinal na voracidade. A partir daí, fica fácil imaginar que também na inveja há algo de libidinal, uma vez que ela, por estar ligada à voracidade, também é fruto do desejo.
        “Alguns bebês vivenciam um intenso ressentimento frente a qualquer frustração e o demonstram sendo incapazes de aceitar gratificação quando esta se segue à privação. Eu sugeriria que tais crianças têm uma agressividade inata e uma voracidade mais fortes do que aqueles bebês cujas explosões ocasionais de raiva logo cessam. Se um bebê mostra que é capaz de aceitar alimento e amor, isto significa que ele pode relativamente rápido, superar o ressentimento em relação à frustração e, quando a gratificação é novamente proporcionada, recuperar seus sentimentos de amor” (Klein, 1991, p. 219).

Melanie Klein (1882-1960), como podemos observar neste estudo, outorgou à inveja uma posição de importância central, compreendendo tanto como uma psicopatologia como no processo de tratamento, na sua concepção do conflito que está na origem do desenvolvimento. Nos estudos dos primeiros momentos do desenvolvimento, coloca em jogo a complexidade das relações que se estabelecem entre a mãe e a criança antes da intervenção do pai, que provocará a violência do complexo de Édipo. Assim demonstra que a figura da mãe é ambivalente. A mãe pode tanto recompensar como frustrar a criança e, por esta razão, aparece continuamente como "bom" e "mau" objeto: Em outras palavras, quer dizer que o mesmo objeto é, para a criança, bom e mau, e que amá-lo é também querer destruí-lo. E ainda, que a figura da mãe agrupa e chamam todos os sentimentos da criança, até mesmo os mais contraditórios.
Todas as outras formas de ódio da criança são direcionadas aos maus objetos. Estes são percebidos e sentidos como perseguidores e maus. Por isso, a criança odeia-os e fantasia com a sua tortura e destruição. A inveja é, pelo contrário, ódio dirigido contra bons objetos. A criança percebe e sente a bondade e os cuidados proporcionados pela mãe, mas estes são insuficientes e ressente-se com o controle onipotente da mãe, que é capaz de alimentá-la, de libertá-la dos impulsos destrutivos e da ansiedade persecutória. (“o bebê projeta o instinto de morte sobre a mãe e então teme o ataque da mãe má, um fenômeno que Klein chamou de ansiedade persecutória) e de protegê-la de toda a dor e males provenientes de fontes internas e externas. Então, o primeiro objeto a ser invejado é o "seio nutridor": pois ele sente que o seio possui tudo o que deseja e que é dotado de um fluxo ilimitado de leite e de amor que guarda para a sua própria gratificação. Entretanto, o seio materno fornece o leite em quantidade limitada e depois pára. Na fantasia da criança,  povoada de fantasmas, o seio é sentido como guardando avaramente o leite para os seus próprios objetivos. O ressentimento e o ódio associam-se a esta fantasia do seio abundante, o gera uma relação inexplicável com a mãe.
Então acontecem ataques sádicos ao seio materno, que são gerados por esta inveja primária, fruto de impulsos destrutivos, que visam estragar o objeto: o seio é odiado e invejado porque o bebé sente que é um seio mesquinho e malévolo. A seguir, a inveja focalizada no seio e é deslocada para a mãe que recebe o pénis do pai, que possui bebés dentro dela, que dá à luz esses bebés e que é capaz de amamentá-los. Aqui podemos ver os estágios iniciais do complexo de Édipo (quarto e sexto mês de vida). O pai, é visto como um intruso hostil e acusado de ter raptado o seio nutritivo e também a mãe, dando início ao desenvolvimento do ciúme. Klein distingue a inveja da voracidade, na qual o bebé quer ter todos os conteúdos do bom seio somente para si, sem se importar com as consequências para o seio, que fantasia sugando até secar. Para o bebé voraz, a destruição não é o motivo, mas a consequência da ganância. Na inveja, a criança quer destruir o seio e estragá-lo, não porque o seio seja mau, mas porque é bom. Como a riqueza do seio está fora do seu controle, a criança não pode tolerar a sua bondade e, por isso, deseja estragá-lo. A consequência danosa causada por esta inveja resulta na destruição e aparece a primeira cisão entre seio bom e seio mau: as cisões e disseminações de objetos em bons e maus, internos e externos, precipitam e correspondem a cisões dentro do próprio self. No ódio não invejoso, a destruição é dirigida contra os objetos maus: os objetos bons são protegidos pela cisão e, por conseguinte, o bebé pode sentir-se, pelo menos uma vez ou outra, protegido e seguro.
Entretanto, por causa da inveja, a criança destrói os bons objetos, a cisão é desfeita e ocorre um aumento da ansiedade persecutória e do terror. A inveja destrói a possibilidade de esperança. Se o objetivo da voracidade é a introjeção destrutiva, isto é, entranhar-se completamente, sugar até secar e devorar o seio, a inveja "procura não apenas despojar dessa maneira, mas também depositar maldade, primordialmente excrementos maus e partes más do self, dentro da mãe, acima de tudo dentro do seu seio, para estragá-la e destruí-la". Isto significa que a inveja visa "destruir a criatividade da mãe". Isto nasce de impulsos sádico-uretrais e sádico-anais constitui um aspecto destrutivo da identificação projetiva, conceito usado por Klein para descrever as extensões de cisão nas quais partes ou segmentos reais do ego são separadas do resto do self e projetadas nos objetos. Klein traça a linha divisória entre inveja e voracidade, dizendo que "a voracidade está ligada principalmente à introjeção e a inveja à projeção.”.
A introjeção corresponde ao mecanismo primitivo do bebê de introjeção de todos os objetos — começando pelo seio materno, seguido pelo polegar, por brinquedos, etc.
A projeção tem origem nas identificações projetivas que o bebê faz em suas fantasias. Como ainda não estabeleceu a distinção entre o seu corpo e o corpo de sua mãe, ele o sente como um prolongamento dele mesma. A genitora passa a ser, desta forma, a representante da criança.



Integrando a Personalidade
A partir deste exposto como então, ajudar a integrar a personalidade do paciente? 
Klein parte do pressuposto de que a partir do momento em que a pessoa consegue descobrir a verdade sobre si próprio e aceitá-la, assimilá-la, “reconhecer que existem partes do seu self que são perigosas. Mas que quando o amor pode ser reunido com o ódio e a inveja que estavam cindidos, essas emoções se tornam toleráveis  e diminuem porque se tornam mitigadas pelo amor.” Klein
Assim também como repetidas de experiências de ser amado e nutrido aconteceram na tenra idade, assim agora o analista poderá trazer para o paciente outros espaços onde a verdade se faz sentir e se afirmar, integrando o que estava cindido e  fortalecendo a percepção de serem boas. Junto com o ódio, a inveja e a destrutividade emergem outras partes do self que haviam sido perdidas e agora podem ser recuperadas pela análise, levando o paciente á ganhar controle sobre o seu próprio self e adquirir maior segurança nas relações com o mundo em geral.
Terminamos com as palavras da autora:

         Para expressar de outro modo, a ansiedade persecutória e os mecanismos esquizoides diminuem, e o paciente pode elaborar a posição depressiva. Quando ele supera, ate certo ponto, sua incapacidade inicial de estabelecer um objeto, a inveja diminui e sua capacidade de fruição e gratidão aumento passo a passo. Essas mudanças estendem-se a muitos aspectos da personalidade do paciente e vão desde a vida emocional mais arcaica ate as experiências e relações adultas. Eu acredito que é na análise dos efeitos das perturbações arcaicas no desenvolvimento em seu todo que reside nossa maior esperança de ajudar nossos pacientes. (Klein, 1991, p, 267)



Conclusão
O presente estudo apaixonante e esclarecedor deixa entrever a personalidade persuasiva, determinada e inteligente de Melanie Klein. Entender o sujeito desde os primeiros instantes da sua formação facilita profundamente a compreensão dos inúmeros enigmas, distorções da personalidade, vícios, e tantos outros percalços que o acompanham, impedindo-o não só experienciar as alegrias da vida, como também construir um equilíbrio que permita transitar pelas diversas dificuldades, assim como foi a própria vida da autora. Ela não só conseguiu manter níveis aceitáveis de equilíbrio como aproveitou todas as passagens traumáticas e dificultosas para imergir nos seus estudos e construir sua abordagem.

Bibliografia
KLEIN, M. Inveja e Gratidão, Rio de Janeiro, Imago Ed. [(1957) 1991].

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Sete Pecados Capitais - Inveja
por Rosemeire Zago

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Muito citados na Bíblia, os sete pecados capitais já foram utilizados como tema das mais diversas formas de expressão.
Livros, filmes, entre outros já divulgaram estas faltas, que segundo a história, foram organizados durante a Idade Média pela igreja católica. Um filme que abordou o tema, apesar de policial, é Seven - Os Sete Crimes Capitais - com Morgan Freeman & Brad Pitt, onde um assassino está matando seguindo os sete pecados capitais: gula, cobiça, luxúria, avareza, preguiça, ira e inveja. Para investigar o caso, são chamados um detetive próximo da aposentadoria e um policial novato, de comportamento explosivo. Apesar da violência que acompanha todo o filme, ele enfoca o tema.
Alvo de muitas interpretações, ainda hoje estes sete pecados servem de referência e base para quem busca trilhar o caminho do autoconhecimento e a lista mais atualizada foi elaborada por São Tomás de Aquino. Para enfrentarmos cada um deles é preciso conhecê-los e assim transformá-los.
Perceber as faltas que cometemos é o caminho mais indicado para que elas não nos dominem, pois apesar de muitos ignorarem ou considerarem como pequenas faltas, às vezes podem se tornar as causas de grandes danos. Quem se acostuma a cometer faltas leves, sem delas nada aprender, e nada faz para se livrar delas, pode cometer faltas graves. Com o intuito de proporcionar uma reflexão, estarei abordando a partir desse artigo cada um dos sete pecados capitais.
Inveja, sua origem está no mecanismo da comparação. É um sentimento que mistura raiva e tristeza
A inveja é uma das emoções mais primitivas e geralmente negada por todos. Por que o que o outro tem se torna alvo do que queremos ter? Por que o referencial do que devemos ter está sempre no outro e raramente dentro de nós? Somente na reflexão sobre a inveja é que teremos consciência deste sentimento na nossa vida e poderemos aprender a lidar com ele em nosso comportamento. Qual será o mecanismo básico que nos move para a inveja?
Este mecanismo, responsável pelos nossos ressentimentos é o mecanismo da comparação. Nunca haverá inveja sem que antes tenha havido uma comparação. Entristecer-se sinceramente com o sofrimento de alguém não é difícil, porém manifestações exageradas de dor pela dor de alguém, pode encobrir, ainda que seja inconfessável, uma certa satisfação.
É muito difícil, e podemos perceber isso nas conversas informais, o quanto incomoda algumas pessoas quando contamos algo de bom que nos aconteceu, mas é só começar a contar uma tragédia que muitos outros se interessam. Os altos índices de audiência dos programas de televisão sobre a desgraça alheia confirmam esse interesse.
Inveja: tristeza pelo bem alheio ou alegria pelo mal do outro?
A inveja não é só tristeza pelo bem alheio, mas alegria pelo mal do outro. É um sentimento de inferioridade, fruto da comparação que fazemos entre nós e o outro em algum aspecto específico: ou nas posses materiais, na casa, no carro, na roupa, no dinheiro ou nas suas qualidades psicológicas, morais, físicas, sociais ou espirituais. Ao nos sentirmos menores do que os outros, nos aumentamos, nos vangloriamos, nos enaltecemos para evitar o mal-estar do desequilíbrio. Falamos excessivamente bem das nossas próprias coisas e, ao mesmo tempo, procuramos diminuir o outro através de crítica.
Quando criticamos alguém, quando diminuímos, ofendemos, quando temos necessidade de falar mal de alguém, provavelmente estamos nos sentindo inferiores a ele. A inveja é a incapacidade de ver a luz das outras pessoas, a alegria, o brilho, a luminosidade de alguém, seja em que aspecto for, porque na verdade, não se percebe ter essa mesma luz.
O que há de negativo na inveja é a rejeição em algum momento do seu próprio tamanho, a sua incapacidade de acreditar ser capaz de também conseguir.
'Olho gordo' é outro nome para a inveja
Desde criança ouvimos falar que não devemos contar algo de bom que está para nos acontecer antes que esteja tudo muito certo, o famoso ´olho gordo". Essa crença antiga permanece até hoje e nasce de uma longa observação popular. O 'olho gordo' é outro nome para a inveja. Popularmente, 'o olho gordo', é um olho que atrapalha, faz mal, danifica.
O principal prejudicado na inveja não são os outros, mas nós mesmos, pois é destrutiva, não produz mudanças, diminui a auto-estima, destrói o crescimento pessoal, fazendo com que o invejoso se contamine de ódio. O invejoso se utiliza muito da projeção, tornando más as pessoas que são boas, onde as qualidades do indivíduo invejado ficam perdidas porque não são percebidas, colocando todos os sentimentos ruins naquele que é objeto de sua inveja.
Ou seja, por negar os próprios sentimentos negativos que há dentro de si, passa a projetar no outro. "O outro é mau, eu nunca". A pessoa dominada pela inveja tenta diminuir o outro a todo custo, numa mistura de raiva e tristeza por tudo que ele tem e conquista. Quando a inveja é inconsciente é muito mais fácil de ser projetada e também negada.
Aprendemos ainda, desde muito cedo, a comparar, pois somos constantemente comparados com o irmão que é mais bonzinho, com o primo que tira boas notas... Isso acontece na escola, na família, na sociedade e começam as humilhações e as críticas, fazendo nos sentir cada vez mais incapazes de ser e obter o que o outro tem. Isso acaba gerando sentimentos de impotência, inferioridade e insatisfação consigo mesmo.
Há uma tendência a supervalorizar o outro com tudo que ele tem e desvalorizar o que temos. A inveja geralmente surge do sentimento de sentir-se incapaz, percebendo o outro como tendo todos os atributos que acredita não ter. A competição, tão incentivada no campo profissional, também pode ser geradora da inveja.
O mal não é sentir inveja, mas cultivá-la
O mal não é sentir inveja, o mal é cultivá-la. A inveja é má, pois engendra o ódio que é destrutivo, pois destrói o próprio indivíduo e a sociedade. Não seria uma virtude espontânea e natural no homem, mas uma atitude derivada do ressentimento e do ciúme, do rancor e da indignação pela má sorte de alguns perante os outros.
A falta de confiança e de segurança em si mesmo, unida a um invencível sentimento de impotência colabora para acentuá-la.
Todos sabemos que a sociedade valoriza a beleza, a inteligência, o brilho social, a juventude e a saúde. Que fazer quando faltam essas condições elementares de felicidade?
Inveja pode ser positiva
Podemos analisar duas interpretações: a inveja como paixão detestável, que produz ódio e destruição, negando o valor do outro e em conseqüência o próprio valor, e a inveja como impulso para transformação. É preciso buscar o que realmente somos e não vivermos em função do que os outros esperam de nós, libertando-se da opinião dos outros e dos valores impostos do que é ser feliz.
Devemos valorizar todo nosso caminho até aqui. Quanto você não superou, não conquistou? È possível admirar o outro e não mais querer viver a vida do outro. É preciso ter consciência do que é ser feliz para você! Devemos termos sempre em mente que somos todos seres capazes de nos transformamos naquilo que gostaríamos de ser e ter, transformando cada sonho em realidade, ocupando nosso tempo em buscarmos cada um deles e não mais perdermos parte de nossas vidas focados no que o outro tem ou é, ou tentando destruir quem conseguiu o que não conseguimos. O diferencial acima de tudo é acreditar em si mesmo, gostar de quem somos e buscar os próprios sonhos!

http://www2.uol.com.br/vyaestelar/inveja.htm



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Inveja

Misto de ódio e desgosto originado em função de tristeza
profunda diante dos bens de outras pessoas, desejando que estas
sejam destruídas.
Os invejosos não suportam o sucesso alheio.


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Outras fontes:

Coleção
"Plenos Pecados"
Editora Objetiva


Inveja - Zuenir Ventura

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6 comentários:

  1. Até hj o site mais complexo que ja vi sobre eneagrama e egos.. Gratidão!!

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    1. Não entendi o "complexo" . Está ruim, não dá para entender?

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    2. opa quase esqueci de falar, complexo (um pouquinho difícil de entender) mas quando entendido muito satisfatório. Gratidão!!! achei incrível.

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    3. O Estudo dos Egos e seus Agregados é mesmo muito difícil, precisa ir devagar... rsrsrss.... obrigada pelos comentários. Bom saber que estamos ajudando.

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  2. Oi Lucia!Trabalhando terapeuticamente a inveja que habita em mim desde muito novo (e cansaso disso!) procurei textos que pudessem me ajudar e estes textos em seu blog são fantásticos! Gratidão por compartilhar. Tenho muito material de estudo!

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    1. Uau... que maravilhoso... fico muito feliz ... Se vc tiver material para publicar... podemos somar... ok? Alegrias... obrigada!!!

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