quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

MEDO






Por que o medo afasta-nos do amor?

21 May, 2017 – Blog do Prem Baba 
Compreenda como o medo pode fazer você ficar preso no passado lhe causando muito sofrimento.

O medo e o ódio são as antíteses do amor e sempre andam juntos. Também é importante você saber que o medo é um guardião e que para ir além será preciso encará-lo de frente e descobrir o que é que ele protege com tanto afinco. Muitas vezes, o medo está a serviço de proteger apegos. Muitas vezes, você se mantém apegado por orgulho, por obstinação e não necessariamente por medo.

Existe muita coisa por trás do medo. Talvez ele seja um dos sintomas mais evidentes de um desencaixe interno, da insatisfação com aspectos da vida, sensações que só são sentidas porque você não está onde deveria estar. Por alguma razão você permanece no lugar que lhe causa sofrimento e muitas vezes, fica andando em círculos, lidando com os desdobramentos infinitos do medo, como o medo de sentir medo ou o medo de sentir medo do medo.

“Por alguma razão você permanece no lugar que lhe causa sofrimento e muitas vezes, fica andando em círculos, lidando com os desdobramentos infinitos do medo, como o medo de sentir medo ou o medo de sentir medo do medo.”

Costumo dizer que esse andar em círculos acontece no vale da sombra e da morte, já que acorda sentimentos aterrorizantes e mantém-no preso ao sofrimento. Entretanto, isso só acontece porque algo em você, por alguma razão, nega-se a ver aquilo que está por trás do medo, até porque, se você encarar de verdade, talvez seja preciso fazer uma mudança em sua vida, saindo então, do lugar que te faz sentir tanta insatisfação.

Você que está tornando-se um explorador da consciência, disposto a conhecer-se, deveria olhar de frente para esse medo. Minha sugestão é para que você adentre esse núcleo de medo, mesmo que esteja tremendo da cabeça aos pés, e coloque-se presente.

Então observe: quem é em você que tem tanto medo? Quem é esse que está tão assustado? É você? Quem é que acredita que a vida é uma ameaça? Quem é que tem essa crença tão sólida de que a vida é um perigo?

Perceba que você está encantado com uma história que acredita ser a sua vida. Você está acreditando que esse eu inseguro e amedrontado é você. O que posso dizer-te é que esse eu conta uma história a seu respeito que foi construída com base em experiências anteriores, em crenças instaladas no seu sistema através de uma série de eventos. Entenda que a mente é condicionada mediante reforço. Dessa forma, situações mais ou menos traumáticas repetem-se incontáveis vezes em sua vida até que você passa acreditar que aquilo é verdade.

Atente para o fato de que nem tudo o que você acredita é verdade. Devido a essa identificação com o passado, você inevitavelmente acaba fantasiando o futuro. O medo em você tenta controlar esse futuro, porque você teme que ele te leve a experienciar a dor que você já viveu anteriormente.

O medo elimina a possibilidade de você confiar na existência e conhecer o céu aqui na terra. O medo, na forma do controle, não te permite confiar. É ele quem conduz o seu veículo porque acredita que se estiver no volante vai conseguir desviar dos buracos, mas a verdade é que ele está preso e todos seus movimentos são feitos de dentro do buraco. Quanto maior o medo, maior o controle e assim, maior a cratera em que ele se encontra
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Essa crença é instalada mediante situações doloridas. Existe dor por trás de tanto controle. Talvez por trás desse medo você encontre o orgulho e por trás do orgulho você encontre a dor.

“O medo elimina a possibilidade de você confiar na existência e conhecer o céu aqui na terra. O medo, na forma do controle, não te permite confiar.”

É a identificação com essas situações do passado que não te permite chegar num acordo e te mantém preso. Dizer que o seu veículo está sendo conduzido pelo medo ou pelo controle é sinônimo de dizer que você está sendo conduzido pelo passado. O veículo é o seu corpo físico, mental e emocional.

Eu tenho constantemente lhe convidado a relembrar da fase zero do processo do despertar da consciência que é ocupar o seu corpo, se colocar total na ação, pleno aqui e agora. No momento presente não existe medo, porque ele está relacionado a uma fantasia a respeito do futuro, a uma dor que está por vir. Você fantasia isso por conta dessas experiências passadas com as quais você ainda não chegou num acordo.

Geralmente o medo não tem a ver com a realidade. Ele nasce desse tempo psicológico no qual você transita, do passado para o futuro e do futuro para o passado. Esse trânsito gera as fantasias que eu costumo chamar de sonhar acordado, porque você está aqui com os olhos abertos, mas a sua consciência está adormecida, sonhando esse sonho que envolve a necessidade de defender-se, de proteger-se, de controlar.

Eu estou lembrando que aqui e agora não existe necessidade de controlar. Aqui e agora você simplesmente se move de acordo com o fluxo. A existência te leva, mas para isso se faz necessário confiar. A confiança é uma fragrância da presença. Portanto, tudo consiste em colocar-se presente, mas talvez nesse momento você não consiga nem mesmo visualizar essa possibilidade de tão tomado que você está por sua história.

Se esse é seu caso, sugiro ir mais fundo nessa história a ponto de compreender que parte do seu passado você ainda não pode chegar em um acordo. Partes de você mesmo que sente vergonha e de alguma maneira, precisa negar, tirar do campo de visão e esconder nos porões. E um dos sintomas da negação é o medo: quanto maior o medo, maior a negação.

O medo pode até mesmo se tornar patológico, desequilibrando a química do cérebro, dos hormônios e fazendo com que a pessoa precise ser medicada. Nesse caso, ela foi tomada pela história que criou. O falso eu se apropriou completamente do sistema e está conduzindo o veículo, mas esse que está sonhando esse sonho de ameaça e terror não é você. É um eu que atua através de você. Quem é você? Você é o seu nome? Você é o seu corpo? Você é a sua história? O que você realmente acredita ser?

Compreenda a profundidade desse tema. Essa não é uma questão qualquer. Essa é “a” questão. Talvez essa seja a que realmente faz sentido: Quem sou eu? Quem habita esse corpo? O que eu estou fazendo aqui?

Quando você faz essa pergunta de verdade, significa que está começando a despertar desse sonho, mesmo que talvez ainda acredite ser seu nome, seu corpo, sua história.
Talvez você ainda esteja preso nessa identificação, nesse passado com o qual você não chegou a um acordo, e para o rio dissolver-se no oceano e você realmente se lembrar quem é você, faz-se necessário apagar esses rastros.

Chegar num acordo com o passado significa você olhar para trás e realmente agradecer. Persiga a gratidão e você vai encontrar muitas peças do seu quebra-cabeça pessoal. Porque onde existe ingratidão, onde o seu coração está fechado, onde tem acusação, tem uma ferida que precisa ser tratada. Essa ferida é como um rastro que te prende; é como cola para essa identificação.

Para concluir, eu quero dizer que esse medo diz que tem algo para ser curado em você. A cura implica em mudança, mas talvez você tenha aprendido a gostar de sentir medo e ficar nesse escuro. Sabe aquela coisa que é ruim, mas é boa? E às vezes o orgulho não permite que você admita que goste de uma coisa ruim, que não te faz bem. Se tiver coragem de admitir isso, a cura estará aberta. Por isso mesmo elegi a honestidade como o primeiro valor essencial a ser cultivado.

Primeiro honestidade consigo mesmo, inclusive a ponto de admitir que você sente prazer na destrutividade, mesmo que isso lhe custe caro. Assim, talvez você possa ver que seu carro está encalhado aí. Eu estou disposto a lhe ajudar, mas é você que tem que sentar no banco do carro e fazer as manobras para tirá-lo deste lugar em que ele encalhou.

Você vai ter que lidar com sua birra, sua obstinação, sua impaciência, com os seus demônios. Se tem uma parte em você realmente querendo sair desse lugar, eu lhe garanto que você consegue. Vamos juntos. Eu te ajudo a empurrar o carro, mas é você quem tem que segurar no volante e fazer as manobras.

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Com palavras do Prem Baba:

Durga e a purificação da Ação

O externo é um reflexo do interno, portanto, Durga também está dentro. Ela é o poder que pode vencer o mais horrendo egoísmo; é o poder que pode vencer a ignorância.

A ignorância e o egoísmo se manifestam através dos nossos hábitos. Por isso, eu quero sugerir que, nesses três primeiros dias do Navaratri, possamos colocar foco na purificação da ação. Que você possa tomar consciência das ações que têm gerado sofrimento.

Se formos mais fundo na compreensão disso, veremos que esse movimento que gera sofrimento não é uma ação, mas uma reação. A ação nasce do coração e a reação nasce do medo. Sempre que age através do medo, você cria situações destrutivas; você se coloca dentro de uma prisão onde só existem lágrimas e ranger de dentes.

Por isso eu digo que talvez possamos resumir esta grande transição planetária como um trânsito do medo para a confiança. O medo talvez seja a principal raiz da ilusão. O medo gera dor e é assim queprakriti te mantém sob seu domínio - criando dor. Para fugir do medo da dor você toma atitudes, criando mais e mais karmas negativos, e vai se enredando nessa teia de ilusões, o que, cada vez mais, te distancia da verdade de quem é você.

Esse é um período de purificação do medo que faz você tomar atitudes indevidas que geram sofrimento. Eu proponho que você possa realmente se dedicar para esse encontro com o mundo interno, através do seu Sadhana.

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“Se você não pode manifestar a sua verdadeira natureza, há uma pista. Ali existe uma projeção. Se existe projeção, existe medo no seu sistema. Se há medo, há ódio e havendo ódio, há orgulho. Esses pontos precisam ser identificados para serem transformados.”
Essa transformação é a purificação do ‘eu’ inferior que se dá através da autoinvestigação e do descondicionamento dos padrões, que geram as repetições negativas. Para isso será necessário umacerto de contas com o passado e um redirecionamento dos vetores da vontade, ou seja, um autêntico desejo de mudança.
A partir daí será possível a ativação da consciência maior que é lembrança de si mesmo. Essa lembrança só é possível através da auto-observação que nasce da presença, o que permitirá a desidentificação com o falso ‘eu’.

Satsang 18.12.12 - Índia 2012/2013

Temas: O primeiro contato com a espiritualidade; A máscara do espiritual; A matriz do medo; Confiança, liberdade e amor.
Arquivo de áudio disponível:
Questão: Amado Prem Baba, achei que era tão espiritual, mas desde que recebi diksha no ano passado e tenho feito japa todos os dias, percebi o quanto sou apegada ao dinheiro, medo da escassez, como me sinto inferior, e compenso buscando sucesso profissional; como não confio na vida, nas pessoas e na abundância. passo o tempo todo pensando nesses assuntos. Quando vou poder me purificar e confiar?
Prem Baba: Eu tenho dito que a jornada neste planeta é um trânsito do falso para o real. O ser supremo ao encarnar nesse plano através de você, ele adormece e passa a sonhar um sonho de luxúria e apego. A essência da ilusão cósmica que chamamos de maya é a ideia de separação, e no núcleo dessa ideia de separação está o medo. E o medo está associado à dor. É assim que maya te controla – através do medo e da dor. Estando envolvido pelo véu da ilusão, a entidade se sente isolada, separada e aterrorizada pelo medo e pela dor.
Um dos aspectos principais do medo é a escassez. O medo é uma matriz bastante complexa. É a oitava matriz do eu inferior e contém muitos agregados psicológicos. O medo da escassez é um dos pilares dessa matriz. Ele gera a insegurança que alimenta a ideia de que você é um eu separado. Assim o ciclo se fecha.
Muitas vezes, o buscador não é movido pela vontade de acordar, mas sim pela urgência de se libertar da dor e do sofrimento. Por várias razões a entidade se coloca no caminho da espiritualidade e adquire conhecimento em relação à espiritualidade. Muitas vezes ela desenvolve um eu espiritual que é uma parte superficial da personalidade. Às vezes é somente uma forma de se defender do mundo; é como uma armadura.
Quando você amadurece o suficiente para, de fato, iniciar um caminho espiritual vertical; quando amadurece o suficiente para colocar o pé no caminho, uma das primeiras coisas que ocorre é a desconstrução da capa mais superficial; a primeira camada de ilusão é desfeita logo nesse primeiro contato. A máscara do espiritual começa a cair no primeiro contato com a autêntica espiritualidade, não importa onde esteja, nem quem está proporcionando o acesso ao caminho. Quando você pode dar esse passo, uma das primeiras coisas que acontece é a desconstrução da máscara. 
Essa máscara proporciona um relativo conforto. Ela promove uma relativa segurança. Porque você se move sempre dentro de uma sala que conhece. Você é um prisioneiro dentro dessa sala, mas não sabe disso. Você acredita ser feliz, assim como um passarinho que se acostumou a viver dentro de uma gaiola. Ele não sabe o que é estar fora de uma gaiola, então ele se habitua a viver dentro dela; e sente um relativo conforto e uma relativa segurança dentro daquele espaço que ele conhece. Porém, a consciência naturalmente evolui, assim como um botão de rosa desabrocha. Não importa quantos milhares de anos demore, a consciência começa a sentir angústia pelo enclausuramento. Você começa a sentir a limitação de estar preso dentro de uma armadura. A armadura te protege e você sente uma relativa segurança dentro dela, mas não consegue se mover. Em algum momento na jornada você começa sentir o desconforto dessa falta de movimento e isso começa a te angustiar. Você começa a sentir um aperto no coração. Às vezes a angústia é tão grande que você não consegue nem respirar. E quando você está suficientemente maduro, o mestre aparece.
Suficientemente maduro para quê? Para poder retirar a armadura. Quando o mestre aparece, ele começa justamente a te ajudar a se libertar dessa armadura. O mestre é um portal para a liberdade. Ele vai abrir a gaiola para o passarinho poder voar. É muito fácil entender isso, é até poético. É bonito ouvir: O passarinho saiu da gaiola; os muros da prisão estão caindo... Mas, viver isso é absolutamente difícil. Porque, quando as paredes dessa prisão (que é a máscara) começam a cair, imediatamente você entra em contato com o medo. o medo está logo atrás da máscara. Esse medo é um aspecto da ilusão cósmica; você ainda está sonhando, mas está mais perto de você do que antes. Esse medo é mais você do que a máscara. Mas, esse medo também precisa ser atravessado.
Você me pergunta: Quando é que eu vou confiar? Quando poderei completar essa purificação? Quando vou me libertar do medo da vida?
Você vai começar a se libertar do medo da vida quando tiver um vislumbre da realidade espiritual; quando tiver um vislumbre de quem é você. Quando tiver um vislumbre de Deus. Esse instante desamadhi dissolve o medo. Não é possível se libertar de um medo tão profundo de só uma vez. Mas, a cada mergulho no lago do amor, você sai mais confiante. A cada mergulho, o medo vai perdendo força.
Nesse processo de integração do medo (que é o mesmo que o processo de dissolução do medo), é possível que você experimente algumas coisas que podem deixá-lo confuso. Por exemplo, o medo pode crescer. E você pode ficar confuso porque você está trabalhando para se libertar do medo, mas o medo está crescendo. E você pode dizer: “Quanto mais eu rezo mais assombração me aparece”. (risos) Porque, é importante compreender que essas matrizes psicológicas estão estruturadas no sistema na forma de camadas. Às vezes você está dissolvendo o medo de sentir medo; ou o medo de sentir medo do medo. Você dissolve uma camada dessas e se depara com um medo muito maior, com o qual você nunca havia entrado em contato. Mas, quando você chega ao núcleo dessa matriz, não é algo pelo qual você passe com facilidade. Você se sente na beira de um abismo. E quem não tem medo de pular no abismo? Quem não tem medo de desaparecer? Todos têm. Se você está encarnado, sob o domínio de prakriti, você sente medo.
Eu tenho observado que o maior medo é o de entrar em contato com sentimentos guardados. O medo nuclear é de sentir determinadas coisas que você precisou esquecer e soterrar nos porões do inconsciente. Sentimentos que você tem vergonha de sentir. Então, há uma associação muito íntima do medo com o orgulho. O medo da humilhação. Para evitar entrar nesse núcleo você faz qualquer coisa. Se aprendeu que para não sentir esse medo é preciso sentir-se importante, você vai fazer tudo que é possível para adquirir fama. Se aprendeu que para fugir desse núcleo você precisa ter dinheiro, você vai dedicar toda a sua energia para conquistar fortunas. Se você aprendeu que para se libertar disso, tem que ser sedutor e atraente então você vai por toda a sua energia para ser o galã das noites de Lakshman Jhula. É aí que você vai por toda a sua energia.
O tripé sexo, poder e dinheiro (que é o que movimenta a humanidade) nasce do medo; do medo de perder a falsa identidade. São tantos os desdobramentos que é quase impossível descrevê-los. Se observarmos os conflitos nas relações de todos os tipos, nós veremos essa mecânica atuando. Sempre que você está tentando fazer o outro te amar (e às vezes você não tem nem humildade para admitir que deseja ser amado), essa necessidade se transforma em necessidade de reconhecimento. Você fica fazendo tudo que pode para o outro te reconhecer; para ele te enxergar. Toda a miséria da carência é somente um fruto apodrecido dessa falsa identidade.
Quando esse fruto podre vai cair da árvore não é possível dizer. Porque isso é um processo. Você vai pouco a pouco transitando do medo para a confiança. Conforme vai tendo coragem de sair desse quarto, você vai ter desafios. Você passou a vida acreditando que havia um bicho papão te esperando lá fora. E talvez ele se apresente para você porque você o criou com sua mente. Até que você descubra que ele é somente uma criação da sua mente. É somente mais um aspecto da ilusão cósmica.
Enquanto você estiver identificado com o medo, quer dizer que você está dormindo. Esse medo é um sonho; às vezes um pesadelo, porque parece ser tão real e concreto que parece que nada mais existe. Mas, quando pode ir além da esfera criada pela mente, e tem acesso à realidade divina, você experiencia a confiança. Nesse lugar não existe medo. Quando você está manifestando o seu eu verdadeiro, que é Deus, o amor puro, não existe medo de nada. O medo é uma distorção do amor. Se há amor, não tem medo.
Eu percebo que se tornou um chavão dentro das esferas espiritualistas dizer que Deus é amor. Mas, é verdade: Deus é amor. Se você pode abrir o seu coração e amar desinteressadamente, você experiencia a confiança. A confiança é uma fragrância do Ser; uma fragrância do divino.
Após ter identificado o medo, você deve não mais dar alimento para ele. Por exemplo, um eu bastante atuante e poderoso do medo é a dúvida. Eu digo que é poderoso porque uma semente de dúvida pode derrubar até mesmo anos de austeridade. Após ter identificado a dúvida, você não mais dá alimento para ela.
Eu quero voltar a esse tema em algum momento porque esse processo de observação precisa ser bem compreendido. Com a mais sutil falta de cuidado, você novamente começa a empurrar esse aspecto do eu inferior para o porão. Eu não estou dizendo para você negar esse aspecto do eu inferior; eu estou dizendo para você simplesmente não alimentá-lo. E você alimenta com atenção. Você identifica, mas não dá alimento, e coloca atenção na confiança. A dúvida está aí, mas você continua focando na confiança que está começando a surgir no seu coração. Assim, você continua o seu sadhana e o seu japa; continua movendo-se em direção a essa verdade que se manifestou para você, até que comece a ter vislumbres da unidade, e essa experiência da unidade vai dissolvendo as camadas mais profundas de medo.
Para completar, tem outra colocação nessa mesma frequência: Amado Prem Baba, eu entrego a minha avareza aos teus pés. por favor, me diga como me soltar e simplesmente relaxar. Qual a diferença entre ser total e inteiro e a avareza?
A avareza nasce do medo.  É o medo que faz com que você tenha que criar uma trincheira para se esconder atrás. Você precisa acumular e possuir, para poder se proteger. Você aprendeu que ‘ter’ te dá segurança. Mas, isso é uma crença. Existe uma imagem congelada no seu sistema que determina isso. E é justamente essa crença que impede que a prosperidade, a abundância, possa se manifestar no seu canal. A prosperidade é uma frequência divina que, como toda a frequência de energia, circula. Se você tenta segurar as coisas materiais, é o mesmo que estar segurando maya. Você está sustentando a identificação com o falso eu, com a ideia de separação.
Ser inteiro é realmente deixar Deus te conduzir. Esse é o verdadeiro sucesso. Essa é a chave para a felicidade, da prosperidade e da abundância.
Não há falta no mundo de Deus; não existe escassez no mundo de Deus. A questão é como colocar a cabeça para fora dessa teia de ilusão, que faz com que você se sinta separado, isolado, com medo, tendo que acumular e competir; fazendo você acreditar que essa vida é um shopping center. Como você põe sua cabeça para fora?
Você está fazendo o que pode. Você não controla isso. O que você pode fazer é identificar esses aspectos, conforme estou sugerindo. Você pode fazer as práticas que eu estou te ensinando, e aguardar até que o ego cochile. Então, Deus te pega. Quando Ele te pega, não tem medo, não tem avareza, luxúria... Nada. Só tem alegria. Só tem ananda.
Sendo você uma pessoa inteligente, é claro que você vai desejar que Deus te pegue. Se há um desejo, que esse desejo seja que Deus te pegue. Eu sinto que essa deve ser a essência da sua prece: Me pegue!
É por isso que nós cantamos PRABHU AP JAGO, PARAMATMA JAGO, MERE SARVE JAGO, SARVATRA JAGO. Em outras palavras, estamos dizendo me pegue! Me pegue e quebre esse sonho de miséria.
Essa é minha experiência: quando Deus pega, acaba o sofrimento. Por isso sempre estou dizendo: mova a sua energia na direção de Deus. Faça japa, medite, cante, faça suas orações. Pratique o silêncio. Quando falo de meditação, eu não estou dizendo apenas para você sentar por alguns minutos em silêncio, mas para você viver a meditação, viver o silêncio; viver na comunhão com o divino. Ou seja, o trabalho é direcionar os vetores da sua vontade na direção do divino.
Cada ‘euzinho’ psicológico que você integra é um quantum de medo que você dissolve do seu sistema. É um quantum de confiança que brota no seu coração. Viver sem medo é liberdade. E só é possível liberdade se existe confiança.
Veio à minha mente uma história que Swami Triparti ji me contou, quando Sachcha Baba estava querendo encontrar essa confiança em Deus. Um dia ele disse que queria fazer um teste para ver se Deus iria mesmo dar tudo que ele precisava. Ele realmente fez um grande teste. Ele ficou num lugar deserto, em meditação, e disse: não vou sair daqui para buscar comida. Se Deus realmente está cuidando de mim, Ele vai trazer comida para mim aqui. Passou um bom tempo e ele foi severamente testado em sua confiança, até que uma pessoa apareceu lá oferecendo comida para ele. Essa experiência iluminou completamente a confiança dele, de forma que ele pode realmente afirmar que Deus dá tudo que você precisa.
Vagarosamente eu estou te levando nessa direção, para que você possa realmente experienciar que Deus te dá tudo que você precisa. Eu digo vagarosamente porque existe aqui um grupo bastante heterogênico. Aqui tem pessoas que estão realmente entregues para o sadhana por bastante tempo, e podem ter uma experiência do definitivo. Mas, se você está no começo da jornada, é possível que você tenha dificuldade para compreender o que estou dizendo. 
Mas, independentemente de qual seja o entendimento, eu estou te levando para ter uma experiência autêntica de Deus; para que você possa viver em Deus; para que, em algum momento, não haja diferença entre você e Deus. Portanto, essa experiência representa o fim do medo, do ódio e da ideia de separação e isolamento. Essa experiência é o início do amor e da unidade e, portanto, da confiança e da abundância.
Quando você está presente, você sente medo? Aqui agora não existe medo, avareza, ou nenhum aspecto da natureza inferior, porque ela é ilusória. Embora, em algum momento, você tenha que tratá-la como real. Mas, você só a percebe como real quando está no passado ou no futuro. No passado e no futuro não existe amor, existe uma fantasia de amor. O amor só é possível aqui e agora, assim como a confiança. Isso é o mesmo que ser pego por Deus, pois Deus é presença. O amor e a confiança são uma fragrância da presença.
Eu lhe convido para, a partir dessa presença, nós cantarmos um bhajan para completar essa transmissão.
Pode parecer um paradoxo e às vezes até mesmo um koan, mas a verdade é que somente quando você se liberta do medo da pobreza é que pode verdadeiramente se afinar com os códigos divinos da prosperidade e da abundancia. Assim é. Reflita sobre isso.
Abençoado seja cada um de vocês. Que a confiança possa ser iluminada.
Até o nosso próximo encontro.
NAMASTE!

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Texto do Osho
Texto extraído do Livro
Raízes e Azas
Editora Cultrix / Pensamento

Você pode nos dar alguma indicação de como podemos transpor as barreiras que criamos para nós mesmos quando resolvemos encarar o medo?
Qualquer conflito cria barreiras. Se existe o medo, e você começa a fazer alguma coisa a esse respeito, então surge um outro medo: o medo do medo.
As coisas ficam mais complicadas. Por isso, a única coisa a ser feita é, se houver medo, aceitá-lo. Não faça nada em relação a isso, porque fazer não ajudará. Qualquer coisa que você faça não ajudará. Qualquer coisa que você faça a partir do medo criará mais medo, qualquer coisa que faça partir da confusão, aumentará a confusão. Não faça nada.
Se houver medo observe-o e aceite-o. O que mais você pode fazer? Nada poder ser feito. O medo existe. Se você puder apenas observar o fato de que o medo existe, onde ele estará, então? Você o aceitou; ele se dissolveu. A aceitação dissolve. Apenas a aceitação, e nada mais.
Se você lutar, criará uma outra perturbação, e isso pode continuar indefinidamente. Então, não haverá mais fim. As pessoas vêm me dizer: Temos medo. Que devemos fazer? Se eu disser a elas alguma coisa para fazer, elas farão com o ser cheio de medo, e, assim, a ação partirá do medo. A ação que parte do medo não pode ser nada além do medo.
Ouvi contar que Adolf Hitler estava sofrendo de profunda depressão e melancolia; e os psicólogos diziam que isso era devido a algum complexo oculto de inferioridade. Então, todos os psicólogos arianos foram chamados. Eles tentaram de tudo, mas não puderam ajudar. Nada resultou de suas analises. Então sugeriram que um psicanalista judeu fosse chamado. No início, Hitler não estava disposto a chamar um judeu; mas, vendo que não havia outro jeito teve de concordar.
Um grande psicanalista judeu foi chamado. Ele analisou, penetrou fundo na mente e nos sonhos de Hitler, e então sugeriu: Não há muito problema, Basta que repita uma coisa continuamente: Sou importante, sou necessário, sou indispensável. Deixe que isso seja um mantra. De dia, à noite, sempre que se lembrar, repita: Sou importante, sou necessário, sou indispensável.
Hitler disse: Pare! Você está me dando um mau conselho.
O psicanalista não pôde conter e disse: O que está querendo dizer?
Por que chama isso de mau conselho?
Hitler disse:
Porque qualquer coisa que eu diga, sou tão mentiroso, que não posso acreditar. Sou tão mentiroso, que não acreditarei em nada que eu disser.
Se você diz: repita "sou indispensável", sei que isso é uma mentira, pois eu é que estou dizendo, e eu sou um mentiroso.
Partindo de mentiras, qualquer coisa que você diga torna-se uma mentira; partindo do medo, qualquer coisa que você faça torna-se medo novamente; se você tentar amar a partir do ódio, esse amor será apenas um ódio encoberto. Não pode ser outra coisa. Você está cheio de ódio.
Os pregadores dirão: Tente amar. Eles estão dizendo absurdos, pois, como pode uma pessoa que está repleta de ódio tentar amar? Se tentar, esse amor virá do ódio. Já estará envenenado, desde a origem. E esta é a miséria de todos pregadores.
Gandhi disse às pessoas violentas: Tentem ser não-violentas. Mas essa não-violência vem da violência, e é apenas uma fachada, apenas uma aparência. No fundo, essas pessoas estão fervendo de violência.
Se seu brahmacharya, seu celibato, resulta de muita sexualidade, será apenas sexo pervertido e nada mais.
Por isso, não crie nenhum conflito. Se você tem u problema, não crie outro, fique só com um. Não lute, pois assim estará criando outro problema. É mais fácil resolver u problema de que dois. O primeiro está mais perto da origem; e segundo, mais afastado. Quanto mais distante, mais impossível se torna resolvê-lo.
Se você tem medo, então tem medo. Por que fazer disso um problema? Você fica sabendo que tem medo, assim como tem duas mãos. Por que criar um problema, se você tem apenas um nariz e não dois? Por que criar problemas por causa disso?
O medo existe.
Aceite-o, observe-o.
Aceite-o e não se preocupe com ele.
O que acontecerá?
De repente, você sentira que ele desapareceu. E essa é a alquimia interna - um problema desaparece se você o aceita, e torna-se cada vez mais complexo se você cria qualquer conflito com ele.
Sim, o sofrimento existe, e, de repente, vem o medo. Aceite-o.
Ele lá está, e nada poder ser feito sobre isso.
E quando digo que nada pode ser feito, não pense que estou falando de uma maneira pessimista. Quando digo que nada pode ser feito, estou lhe dando a chave pare a resolver o problema. O sofrimento existe. É parte da vida e do crescimento. Não há nada de mau nisso. O sofrimento torna-se um mal apenas quando é simplesmente destrutivo, e nada criativo; torna-se um mal, quando você sofre e não ganha nada com isso.
Mas eu lhe digo que o Divino poder ser alcançado através do sofrimento. Então, ele se torna criativo. A escuridão é bela se a alvorada vem em seguida; a escuridão é perigosa se é infinita, se não conduz à alvorada, mas simplesmente continua e continua, e você prossegue numa rotina, num círculo vicioso.
É isso o que está acontecendo com você. Para fugir de um sofrimento, você cria outro; então para fugir desse outro, cria outro. E isso continua sem parar. Todos os sofrimentos pelos quais você ainda não passou estão esperando por você. Você fugiu de um, mas passou para o outro, pois a mente que criou um sofrimento criará outro. Assim, você pode fugir desse sofrimento para aquele, mas o sofrimento está sempre presente, pois a sua mente é a força criativa.
Aceite o sofrimento e passe por ele. Não fuja. Esta é uma dimensão totalmente diferente para se trabalhar. Encare-o. Passe por ele.
O medo estará lá. Aceite-o. Se você tremer, então trema. Por que criar uma aparência de que não está tremendo, de que não tem medo? Se você é covarde, aceite isso.
Todo mundo é covarde. As pessoas a quem você chama de corajosas são corajosas apenas na fachada. No fundo, elas são tão covardes como qualquer um, ou ainda mais, pois, para esconder a covardia, criaram uma bravura ao redor de si mesmas, e, algumas vezes, agem de tal forma que todos pensam que não são covardes. Essa coragem é apenas uma tela protetora.
Como um homem poder ser corajoso, se a morte existe? Como pode ser corajoso, se ele é apenas uma folha ao vento? Como pode a folha deixar de tremer? Quando o vento sopra, a folha estremece. Mas você nunca diz à folha: Você é covarde. Você diz apenas que a folha está viva. Por isso, quando você treme, e o medo toma conta de você, você é uma folha ao vento. É bonito. Por que fazer disso um problema?
Mas a sociedade cria problemas por causa de tudo. Se uma criança te medo do escuro, dizemos: Não tenha medo, seja corajosa. Por que? A criança é inocente. Naturalmente ela sente medo do escuro. Você força: Seja corajosa. Então, ela também força, e se torna tensa. Então, ela suporta a escuridão, mas agora está tensa. Agora, todo o seu ser quer tremer, mas ela reprime isso.
Esse tremor reprimido acompanhará a criança por toda a vida. Estava certo tremer no escuro. Nada estava errado. Estava certo chorar e correr. Nada estava errado. A criança teria saído do escuro mais experiente, mais sábia. E ela teria compreendido, se tivesse passado pela experiência do escuro, tremendo, chorando e gritando, que não havia nada para temer.
Reprimindo, você nunca tem a experiência em sua totalidade; não ganha nada com ela. A sabedoria vem através do sofrimento, e a sabedoria vem através da aceitação. Seja como for, fique tranqüilo. E não se importe com a sociedade e a condenação. Ninguém irá julgá-lo aqui, e ninguém pretenderá ser um juiz. Não julgue os outros e não se deixe perturbar pelo julgamento dos outros. Você é único. Você nunca existiu antes, e nunca existirá novamente. Você é belo. Aceite isso. E qualquer coisa que aconteça, deixe que ela aconteça e passe por ela. Breve, o sofrimento será um aprendizado. E então, tornar-se-á criativo.
O medo lhe dará destemor. Da raiva surgirá a compaixão. Da compreensão do ódio, o amor nascerá para você. Mas isso não acontece num conflito, e sim, na experiência alerta. Aceite e submeta-se à experiência.
E se você fizer questão de passar realmente de experiência por experiência, então virá a morte, a experiência mais intensa. A vida não é nada diante dela, pois não pode ser tão a intensa quanto a morte. A Vida se estende por um longo tempo, setenta ou cem anos. A morte é intensa porque não se estende - acontece num único momento. Ela acontece como um tudo, e não de uma forma fragmentária. E será tão intensa que você jamais conhecerá algo tão intenso.
Mas, se você tem medo, se foge quando a morte vem, se ficou inconsciente por causa do medo, acaba perdendo uma das oportunidades de ouro, o portal de ouro. Mas se você vem aceitando as coisas durante a toda a sua vida, quando a morte vier você aceirará passiva e pacientemente, e entrará nela sem nenhum esforço para fugir. Se você puder acolher a morte passiva silenciosamente, sem nenhum esforço, a morte desaparecerá. Quando krishina, Cristo, Buda, Mahvir dizem que você é imortal, não estão falando de uma crença, e, sim, de suas próprias experiências.
E isso também pode acontecer aqui, neste trabalho, pois o samadhi é morte, o dhyan é morte, a meditação é morte. Haverá muitos momentos em que, subitamente, você sentirá que está morrendo. Não fuja, deixe que isso aconteça. Se deixar, a morte irá embora. A morte não existirá mais, e a chama interior, sem começo nem fim, passará a existir. Ela sempre existiu, mas agora você pode senti-la.
Este deveria ser o sutra. Não crie problemas pro causa do medo, do ódio, do ciúme ou de qualquer outra coisa. Aceite-os, deixe que eles existam, passe por eles, e você vencerá todos os sofrimentos, toda a morte. E você se tornará um Jaina, um vitorioso.

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O Medo e o 5º Chakra
O desafio do quinto chakra é liberar o nosso medo de nos comunicarmos com os outros e o mundo.
A essência desse chakra é a palavra. Quando conseguimos nos libertar de nossos medos e orgulho, nos tornamos capazes de falar confiantes e com coragem, a nossa verdade. Quando alcançamos a nossa pureza na garganta, nós tocamos a força e escutamos o som do silêncio. Nós podemos ouvir, e somos ouvidos. Nós sabemos quando falar e quando se calar. O que dizemos possui um impacto incontestável.
Está localizada na junção da coluna espinhal e a medula oblongata por traz da garganta (plexo laríngeo). Relaciona-se com a fala e os centros de comunicação do cérebro, expressão auto-expressão.





O  MEDO


       








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